Quando me convenço de algo, por vezes, faço da minha certeza tão imutável que a força com a qual sou atingido pela surpresa me desmonta e torna inviável seguir pelo mesmo caminho que, até então, parecia o mais verdadeiro. Eu tinha certeza que o que tinha aqui comigo já não dizia respeito à abrupta aceleração do músculo cardíaco ou ao tremelique das pernas ou àquela sensação de asas de borboleta batendo freneticamente no estômago. Eu tinha certeza porque o fato de não te encontrar todos os dias me deu essa certeza. Eu só não sabia ainda que era apenas isso, a distância. Não havia me desfeito do sentimento, mas da sensação que ele me proporcionava. Porque quando um sentimento adormece, ele continua lá. Você só passa a não senti-lo mais como essencial para sua existência.
Por um momento a carne se sobrepusera a toda e qualquer coisa mais pura que existia aqui dentro. Enquanto antes enrolava alguns dos seus fios de cabelo, agora eu tentava me desenrolar –gradativamente e, acredite, sem perceber – do emaranhado sentimental no qual você me colocara. Quase seis anos andando em círculos para não cometer novamente o mesmo erro forçaram minhas mãos a adentrar o desconhecido para dar origem a um atalho. Era tão bom te ter como eu tinha, ainda que fosse necessário vestir sorrisos que não eram meus por verdade quando te ouvia falar sobre aqueles outros que recebiam a atenção que eu tanto desejava para mim.
Eu não queria se igual a eles, nunca quis. O meu sonho era outro. Mas quando o ego visitou a morada dos meus pensamentos, já contaminados pela minha baixa autoestima, eu resolvi dar-lhe ouvido. Se havia uma única possibilidade de trazer para a realidade o que eu só conseguia fazer existir no papel eu deveria agarrá-la com tudo o que eu tinha. Era, talvez, sinal da falta de amor próprio com a qual compartilhei tantos dias. Mas, ao mesmo tempo, aquele brilho que eu sentia em meus olhos desde seis anos antes ia ficando cada vez mais forte, mais intenso, mais próximo do brilho que eu via nos teus.
Então você me impôs uma busca pelo melhor. Cruzou os braços, batendo o pé ao dizer que era eu quem estava distante e não o contrário. E, de repente, eu comecei a me ver como carta fora do baralho quanto ao que você tinha a oferecer. Porque eu era menos: menos do que deveria e do que poderia ser e, pior, menos do que você merecia. Daí o ego resolveu visitar-me novamente, transformando aquele pensamento em dúvida: eu era só isso? Não existia nada de bom em mim a que você se agarrasse para, estando ao meu lado, ser os olhos a me guiar até a luz no fim do túnel?
Inconscientemente vi semanas dando origem a outras em que eu não te encontrava diariamente como antes. Falta de tempo, eu dizia. A culpa sempre era minha e nunca haveria de deixar de ser, era o que eu entendia quando você me dirigia aquelas poucas palavras de desconfiança. E aquela minha convicção de que o desejo que tinha por ti não seria saciado apenas com carinho e cumplicidade, mas com o desarrumar dos lençóis que ia se firmando cada vez mais aqui dentro. Eu te queria na cama. Eu trocaria trezentas e sessenta e cinco camas diferentes por uma única se fosse para dividir só contigo. Que bom seria unir o útil ao agradável: uma bela amizade que permite o entrelaçamento de corpos.
Mas, até então, semanas passaram sem que nos encontrássemos, não fossem aqueles poucos minutos na presença de grades que nos separavam. E, na primeira vez que te vi em tanto tempo, fui obrigado – por mim mesmo – a colocar minhas certezas no plano da dúvida. Não era só dividir a cama contigo que eu queria de verdade. Eu queria o teu ombro, o teu carinho, o afago, o encontro dos lábios sem malícia, mas cheio de amor. Eu não queria só admirar teu bem mais precioso, mas ter ele comigo de um jeito que pudesse fazê-lo, também, parte de mim. Queria teu cheiro no meu lençol não para lembrar da noite anterior, mas para que aquele perfume fosse responsável pelo meu sorriso de agradecimento a cada nascer do sol.
Você mexe com meu corpo inteiro. Faz minha mente criar situações imaginárias em que te tenho comigo, para satisfazer essa vontade quase incontrolável de te ter em meus braços na vida real. Faz meu coração acelerar gradativamente conforme seus passos te levam ao meu encontro. Faz as pernas tremerem bambas quando, ainda que sem querer, encosta tua pele na minha pelo mínimo de tempo que seja. Faz o estômago fervilhar de borboletas quando aproxima teu rosto do meu num abraço que eu sempre desejo que termine num encontro de lábios. Faz a inércia me dominar quando vai direto ao ponto, me fazendo acreditar que seis anos é tempo já suficiente e que chega de esperar para construirmos um novo capítulo na nossa história.
Eu quero ser melhor por mim e para mim, primeiramente. Mas se a tua presença pode me fazer assim mais rapidamente, porque não tentar? Eu acreditei que você tivesse ido. Que esse sentimento tão duradouro cansara da não retribuição e resolvera se instalar sobre outras coisas. O fato é que, desde que essa semente foi plantada aqui anos atrás, seu caule tornou-se cada vez mais firme e forte com raízes profundas dentro de mim. E, para ser bem sincero, eu nunca quis desmatar algo que, lá no fundo, me faz sentir bem pelo simples fato de existir. Você já provou ser mais. Eu posso ser mais. E nós dois podemos ir além.
Por um momento a carne se sobrepusera a toda e qualquer coisa mais pura que existia aqui dentro. Enquanto antes enrolava alguns dos seus fios de cabelo, agora eu tentava me desenrolar –gradativamente e, acredite, sem perceber – do emaranhado sentimental no qual você me colocara. Quase seis anos andando em círculos para não cometer novamente o mesmo erro forçaram minhas mãos a adentrar o desconhecido para dar origem a um atalho. Era tão bom te ter como eu tinha, ainda que fosse necessário vestir sorrisos que não eram meus por verdade quando te ouvia falar sobre aqueles outros que recebiam a atenção que eu tanto desejava para mim.
Eu não queria se igual a eles, nunca quis. O meu sonho era outro. Mas quando o ego visitou a morada dos meus pensamentos, já contaminados pela minha baixa autoestima, eu resolvi dar-lhe ouvido. Se havia uma única possibilidade de trazer para a realidade o que eu só conseguia fazer existir no papel eu deveria agarrá-la com tudo o que eu tinha. Era, talvez, sinal da falta de amor próprio com a qual compartilhei tantos dias. Mas, ao mesmo tempo, aquele brilho que eu sentia em meus olhos desde seis anos antes ia ficando cada vez mais forte, mais intenso, mais próximo do brilho que eu via nos teus.
Então você me impôs uma busca pelo melhor. Cruzou os braços, batendo o pé ao dizer que era eu quem estava distante e não o contrário. E, de repente, eu comecei a me ver como carta fora do baralho quanto ao que você tinha a oferecer. Porque eu era menos: menos do que deveria e do que poderia ser e, pior, menos do que você merecia. Daí o ego resolveu visitar-me novamente, transformando aquele pensamento em dúvida: eu era só isso? Não existia nada de bom em mim a que você se agarrasse para, estando ao meu lado, ser os olhos a me guiar até a luz no fim do túnel?
Inconscientemente vi semanas dando origem a outras em que eu não te encontrava diariamente como antes. Falta de tempo, eu dizia. A culpa sempre era minha e nunca haveria de deixar de ser, era o que eu entendia quando você me dirigia aquelas poucas palavras de desconfiança. E aquela minha convicção de que o desejo que tinha por ti não seria saciado apenas com carinho e cumplicidade, mas com o desarrumar dos lençóis que ia se firmando cada vez mais aqui dentro. Eu te queria na cama. Eu trocaria trezentas e sessenta e cinco camas diferentes por uma única se fosse para dividir só contigo. Que bom seria unir o útil ao agradável: uma bela amizade que permite o entrelaçamento de corpos.
Mas, até então, semanas passaram sem que nos encontrássemos, não fossem aqueles poucos minutos na presença de grades que nos separavam. E, na primeira vez que te vi em tanto tempo, fui obrigado – por mim mesmo – a colocar minhas certezas no plano da dúvida. Não era só dividir a cama contigo que eu queria de verdade. Eu queria o teu ombro, o teu carinho, o afago, o encontro dos lábios sem malícia, mas cheio de amor. Eu não queria só admirar teu bem mais precioso, mas ter ele comigo de um jeito que pudesse fazê-lo, também, parte de mim. Queria teu cheiro no meu lençol não para lembrar da noite anterior, mas para que aquele perfume fosse responsável pelo meu sorriso de agradecimento a cada nascer do sol.
Você mexe com meu corpo inteiro. Faz minha mente criar situações imaginárias em que te tenho comigo, para satisfazer essa vontade quase incontrolável de te ter em meus braços na vida real. Faz meu coração acelerar gradativamente conforme seus passos te levam ao meu encontro. Faz as pernas tremerem bambas quando, ainda que sem querer, encosta tua pele na minha pelo mínimo de tempo que seja. Faz o estômago fervilhar de borboletas quando aproxima teu rosto do meu num abraço que eu sempre desejo que termine num encontro de lábios. Faz a inércia me dominar quando vai direto ao ponto, me fazendo acreditar que seis anos é tempo já suficiente e que chega de esperar para construirmos um novo capítulo na nossa história.
Eu quero ser melhor por mim e para mim, primeiramente. Mas se a tua presença pode me fazer assim mais rapidamente, porque não tentar? Eu acreditei que você tivesse ido. Que esse sentimento tão duradouro cansara da não retribuição e resolvera se instalar sobre outras coisas. O fato é que, desde que essa semente foi plantada aqui anos atrás, seu caule tornou-se cada vez mais firme e forte com raízes profundas dentro de mim. E, para ser bem sincero, eu nunca quis desmatar algo que, lá no fundo, me faz sentir bem pelo simples fato de existir. Você já provou ser mais. Eu posso ser mais. E nós dois podemos ir além.
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