Monday, December 31, 2007

feliz ano novo

ouço muitas pessoas falando que 2007 foi um ano trash. eu posso concordar, afinal talvez tenha sido o ano que eu mais me fudi na vida. mas eu tive tantas conquistas e aconteceu tanta coisa boa que eu também devo comemorar. espero que 2008 seja repleto de coisas novas, de mudanças boas, de aprendizado e juízo na minha vida. que em 2008 eu possa rir e chorar tanto quanto ri e chorei esse ano. deus escreve certo por linhas tortas. hoje eu sei disso.

feliz ano novo para todos. que o novo ano de vocês seja tão maravilhoso quanto vocês sonham e merecem. um abraço bem apertado. a gente se vê por aí. ;*

Thursday, December 27, 2007

Enquanto se distraía em meio às palavras que contavam uma história, naquele livro todo rabiscado e cheio de recortes, ele prestava atenção nas coisas que aconteciam ao redor. Os barulhos se tornavam agradáveis a cada minuto em que aumentavam. Ao chegar quase não haviam ruídos, mas com o passar do tempo as pessoas foram saindo de suas casas rumo ao trabalho, fazendo com que carros, motos e barcos ocupassem o espaço sonoro daquele lugar. Estava sentado à beira do rio, e o via lá de cima. Contemplava-o e, de alguma forma, se acalmava ao ver tantos pedaços de madeira passando rapidamente com aquela forte correnteza. Pessoas caminhavam próximas. Crianças, jovens, adultos, idosos. Para onde será que iriam? Raul não sabia explicar, mas o fazia pensar. Se sentia até igual, de certa forma, àquele homem nascido há mais de dez mil anos atrás. E era meio louco. Talvez também tivesse nascido há dez mil anos atrás e se transformado na mosca da sopa de Gita. O sol batia rente às suas costas, ardendo, mas não o incomodava. Pelo contrário, o fazia relaxar, e sentir um calor em meio ao vento quase frio que ia de encontro a ele. Acendeu mais um cigarro. Como fazia falta um copo de café àquela hora.

Monday, December 24, 2007

A cada dia que passa eu me torno mais igual àqueles que eu mais temo ser. E o preço que eu pago aumenta a cada dia. To cansado de ver isso acontecer.

Wednesday, December 19, 2007

indagações V

porque coisas tão pequenas causam tanto impacto na gente?
talvez porque não sejam tão pequenas quanto parecem ser.

tormentos

chover
bons ventos que trazem a lavagem da alma
correr
em meio a tantos carros desgovernados
e gritar
exorcizando todos os demônios que te atormentam

Monday, December 17, 2007

propagação

E lá estava ele, sentado próximo à margem do rio. De vez em quando utilizava um galho para movimentar as águas e ver o reflexo distorcido da ponte ao longe. Pensava. E pensava. Pegou uma pedra e jogou ao longe. Os anéis de água começaram e vieram ao seu encontro. Tão longe. Era assim que via o mundo. Algo tão pequeno às vezes poderia ter conseqüências enormes.

daqui 14 dias...

meus planos para o novo ano, voluntários e involuntários, são simplesmente três até agora: ver amigos indo embora, ser chamado para trabalhar na prefeitura e me dedicar mais às atividades que estou fazendo, vulgo arrumar minha vida que está uma bagunça.

Friday, December 14, 2007

começou a comercialização do espírito natalino.
presentes, lembranças, viagens de férias.


e eu?
sei lá, sei lá..
Você diz que não tem o que esconder dos outros
E fecha os olhos quando encontra com você
Que é todo sorriso de ouvido ao outro
Mas fere com palavras ainda suja alguém
madame saatan
com alterações

Wednesday, December 12, 2007

let it be

jogar futebol, vôlei, basquete e praticar natação. terminar direito jornalismo e cursar publicidade. escrever um livro, de história, de memórias, de opiniões. plantar uma árvore, seja mangueira, oliveira ou simples pés de melancia ou maracujá. conhecer o mundo, dos mais visitados aos mais remotos lugares, ou simplesmente o interior da europa e todas as praias do brasil. ver a neve e ter certeza se ela realmente tem formato de estrela. estar lá na frente, esperando ansiosamente um simples detalhe branco aparecer. um menino e uma menina. luis e ana. fernando e clara. sentar na cadeira e olhar pra rua. todos brincando.

à palo seco

"...tenho 19 anos de sonho e de sangue e de américa do sul..."
belchior
com alterações

Sunday, December 09, 2007

a coisa que ele mais odiava era a forma como se sentia inferior. tinha um defeito incrível de querer saber a opinião dos outros sobre a sua pessoa, e tomar aquilo como ensinamento para se tornar uma pessoa melhor. mal sabia que estava, na verdade, se tornando outra pessoa. ele não percebia. será que era medo? indignação? olhou pro teto, branco, e ficou a pensar. abriu a janela, olhou para o céu, tão cinza lá em cima, e decidiu que aquela chuva que estava a cair, traria mais uma mudança na sua vida. será?

indagações IV

porque a gente sente saudade de coisas que nunca teve?

Friday, December 07, 2007

anelehana

-sonha, menina. continua a sonhar com os pés no chão, como sempre fizestes. quem sabe um dia encontres uma caixinha, cheia de lembranças da infância de alguém, no seu apartamento.
- como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
- não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer
...
- não sei mais. sinto que é como sonhar, que o esforço pra esquecer é a vontade de lembrar...
o vento - los hermanos
com alterações

Thursday, December 06, 2007

felicidade

pássaros na janela
entoando alegres canções
o dia nasceu lindo hoje
mesmo cinzento
pois está vívido
e a chuva que traduz o choro celeste
é um choro de felicidade

quero ver o sorriso estampado
se não, ao menos fazê-lo aparecer

Wednesday, December 05, 2007

'tudo escapa por entre a mãos'

tantas oportunidades perdidas.
e isso é tema de muitos textos que vemos por aí.
mas é algo que, mesmo que se fale há tanto tempo, continua sendo muito recente.
já li que para se saber o valor de um segundo, deve-se perguntar ao segundo lugar de uma competição de natação, e é bem isso mesmo.
o tempo passa pela gente e a gente nem sente. e daqui a pouco somos um Pedrinho.

aproveitar. saborear. e saber que o amanhã que a gente teme, pode ser o hoje que vivemos.

indagações III

porque fiz eu dos sonhos a minha única vida?
fernando pessoa

Tuesday, December 04, 2007

inconsciente

é mais ou menos como tentar estar ali e não estar ao mesmo tempo. tentar pensar que aquilo não existe, ou é só seu pensamento, ou a pura realidade. e de repente voar. buscar o encontro dos céus num piscar de olhos. e sorrir. inconsequentemente. gargalhar. sentir um êxtase tomar conta da alma a cada boa gargalhada. clímax. um orgasmo interior em combate com a razão que não, não quer deixar de existir. suavisão.



estou pronto para ser jogado aos leões mortos de fome.

indagações II

para onde foram as pessoas que costumavam sentar aqui e conversar?

Monday, December 03, 2007

fracasso

derrotado
sentimento de inferioridade
e o ócio
sem rumo
ou n'um rumo incerto
mais, bem mais do mesmo
e o medo
que deixa o corpo calar frio
n'um calafrio inconstante

liberto
exorcismo de espíritos

Wednesday, November 28, 2007

hoje

não fosse pela chuva, hoje seria mais um dia comum.
teríamos os pássaros entoando alegres canções por entre as árvores,
e o suor quente escorrendo pelo rosto cansado dos transeuntes.

não fosse pela chuva, eu talvez não tivesse lembrado.
mas antes do céu desabar eu não esqueci.
e não lembrei, porque já sabia.

é difícil. tanto tempo.

diálogo I

- tu tá bem?
- to
- ... - cara de quem finge que acredita
- e tu tá bem?
- to, e você? - deu pra sacar a sinceridade
- então estamos ótimos. - será?

certas pessoas que entram na vida da gente tão rapidamente, às vezes passam a nos conhecer de uma forma que nem nós mesmos entendemos direito. ou às vezes nós realmente deixamos transparecer demais como nos sentimos. eu não gosto de estar nessa segunda opção (apesar de algumas vezes estar), por isso se torna fácil (considere mais um 'às vezes' aqui) dizer sempre que está tudo bem. aprendi com a vida.


o que aflige?
aquela estrela que insiste em brilhar mais no céu.
e a vontade de sorrir apenas com os olhos.

indagações I

e para onde foram as cores daqueles quadros em preto e branco?

Tuesday, November 27, 2007

solitariamente II

Eu já quis fazer isso. Eu também. Mas às vezes eu me sinto tão incompetente. Não pode pensar assim. É totalmente involuntário, se me dizem algo que me faça sentir inferior, já fico mal. Nesse ponto eu sou diferente, tento fazer a balança pesar mais pro lado de cá. Eu percebi isso algumas vezes. E eu sinto quando você começa a cair. Sente? Claro, e eu tenho que fazer o maior esforço pra não deixar, senão vou junto. Então você se interessa por você, não por mim. Sou egocêntrico. Egoísta. Pra mim é a mesma coisa. Só muda a intensidade da palavra e eu prefiro a minha. Todos nós somos bons e ruins. Eu sou bom. É nada. Sou. Eu e você somos na mesma proporção, não há o que questionar. Idiota.

Sunday, November 25, 2007

a b r a ç o

apertado
abraço
envolvente
sinceridade
l a t e n t e

dor
e alívio

segurança

Wednesday, November 21, 2007

(...)

em meio a tantas reticências
um dilema
dentre tantos parênteses
infinitas idéias

encantam-se os homens pelo sorriso
e pelo olhar
olhos de ressaca
emoção que contorce cada pêlo do corpo

arrepios
calafrios
num caso de amor com as palavras

poético
preciso
e tão
tão eloqüente nas suas incontáveis suposições

apenas uma janela
com uma paisagem maleável pela hora do dia.
grades? grades.
e nem suas mãos por elas passavam.

uma única cadeira,
um resto de colchão,
uma privada. ao qual talvez não pudesse assim ser chamada.

e dor, muita dor.
somada ao arrependimento
de ter sido quem um dia fora.

Tuesday, November 20, 2007

solitariamente I

Será? Não, mas não tem como. Eu quero. Sem querer. Entende? É. Difícil de explicar. Eu sei. E quando você sabe o que quer, mas não sabe se deve querer? Ih, mais complicado ainda. Pois é. Acaba se tornando mais complicado do que parece né? É. Sei mais ou menos como é. Eu prefiro me manter aéreo. Acha melhor? Nem sei se é melhor. Melhor não é, porque vai ficar fugindo e vai continuar lá. E o que me aconselha? Não sei. Eu sou você também. É né? Podemos pensar diferente, mas no fundo nossas conclusões são iguais.

Saturday, November 17, 2007

Cansaço

À noite sentia o peso do dia que passara. E, ao lembrar que no seguinte seria do mesmo jeito, via seu rosto contorcer-se em frente ao espelho. E odiava espelhos.

Espelhos lhe deixavam ainda mais cansado. Percebia o tempo passar pelo seu corpo e preferia achar que não envelheceria nunca. Por isso não olhava a si mesmo por fora. Suas análises pessoais sempre se referiam ao seu eu interior. E isso também o cansava.

Os cadernos em que escrevia já não tinham mais páginas. Escrevera tanto, tanto e mais um pouco de tanto, que suas mãos estavam calejadas. E cansadas.

E muitos dias. Passaram. Voltaram coisas que não existiam mais. E o medo. Tensão pela falha. Suas forças sendo consumidas. E o cansaço o consumindo.

Monday, November 12, 2007

Tempo

- Não passa, Pedrinho. E quanto mais você ficar aí, mais vai parecer que demora.

Mas ele não ligava, e continuava em frente ao relógio preso na parede no centro do corredor. Ele queria sentir o tempo passar.

- Como assim que o Tempo passa e eu nem vejo? Quer dizer que enquanto eu to parado, ele vai passando e eu nem sinto?

Achava incrível essa habilidade do Tempo - com 't' maiúsculo, porque pra ele tempo era gente grande e tinha nome próprio - de passar e ninguém ver, ouvir ou sentir. Era curioso. E não achava possível que alguém tivesse o poder de passar pela gente ou levar embora e trazer tanta coisa ao mesmo tempo.

- Deixa de ser bobo, Pedrinho. Você nunca vai sentir o tempo passar, porque ele não passa pra você sentir.

Mas ele era insistente. Eles. Tanto o Pedrinho quanto o Tempo do Pedrinho que insistia em passar sem que ele sentisse. E passou tão de repente que quando Pedrinho deu por si, já tinha cabelos grisalhos e o rosto envelhecido pela idade que o tempo havia lhe dado sem perceber.

- O Tempo passou. E eu nem senti. E enquanto eu esperava sentir, ele passou correndo tão rápido que quando eu vi já era tarde demais.

Saturday, November 10, 2007

O menino dos pés descalços

Costumava andar descalço, sem se preocupar muito com frieiras no pé. Chutava as pedras que rolavam com satisfação. E sorria. Gostava de sorrir o sorriso que vinha no rosto.

Até que um dia choveu. Seus pés descalços ficaram molhados. E perdeu o sorriso de vista. Mandou-o embora e não soube pra onde ele foi. Denorteou-se.

Ficou ignorante, desconcertado e se tornou passivo à tudo aquilo que ouvia. Faziam dele gato e sapato, mesmo que tivesse pés descalços.

Os ventos sopraram e levaram-no embora. E vinham ventos de todos os lados, cortantes, maldosos, felizes, com desespero. O menino dos pés descalços foi desaparecendo até que virou nada.

E já não tinha como se desesperar. Pôde sorrir de novo.

Friday, November 09, 2007

Já havia sido Luís e Fernando, ou os dois ao mesmo tempo. Mas cansara daqueles nomes e ficou como Lucas. Ainda quis se chamar Augusto dos Anjos, mas já era nome de poeta e não tinha graça. Se bem que era poeta, mas, se por isso fosse, que o chamassem de Vinícius. Um dia perdeu-se em meio a tantos nomes. Confundiu-se e não sabia mais quem era. Seus dias foram chegando ao fim e ele sabia que não aguentaria muito tempo. Decidiu que precisava se encontrar. Pelo menos uma última vez precisava de um nome. Queria coragem, força, braveza. Queria nome de rei, para morrer dignamente. E foi escrito Artur em sua lápide. Era assim que todos lembravam dele.

Vitrines

Passava todos os dias por aquela rua.
Olhava de um lado para o outro, encantada.
Seus olhos brilhavam para cada objeto novo que via.
Porque sabia de cor o que era velho e o que era novo.

Sorria para um ou outro vendedor.
Principalmente aqueles que ajeitavam os manequins.
E deliciava-se ao som de bonecas falantes,
cujos sons se repetiam por toda a rua.

Não comprava nada, só desejava.
E, pra ela, não havia nada melhor que o desejo:
Preferia não ter e querer pra sempre,
do que ter e não querer mais.

Thursday, November 08, 2007

Eram Felipe e Leonardo. Eram os nomes dos dois. Aqueles dois com quem eu convivi quase que por toda a minha infância. Foram embora. Eu devia ter uns oito anos quando me deram o primeiro tchau. Mas ainda voltavam. Às vezes.

Voltavam sem avisar. Da mesma forma que iam embora e nunca diziam nada. Talvez me vissem já com outros olhos. Como se os tivesse esquecido. Mas não há como. Foram meus amigos. E por tantos anos.

Ainda lembro que, mesmo sem vê-los, brincava de esconde-esconde. Conversava sobre todos os questionamentos de minha vida tantas vezes solitária. Ficava horas embaixo do sofá da sala dividindo minhas histórias. E eles lembram? Ou será que eu os esqueci?

*inspirado no texto Gabriela

E de repente tanta coisa aconteceu

Houve uma proliferação de blogs. De repente olhei a internet e haviam blogs. Vários blogs. De conhecidos, de desconhecidos. Voltaram os diários virtuais, o mundo imaginário realista da internet. Onde você é quem é (ou não), mas nem todos que o leêm acreditam - e mesmo assim se divertem.

Não que eu tenha sido maria-vai-com-as-outras, afinal esse mundo virtual me conhece desde que eu tinha uns doze, treze anos - nessa época eu talvez tenha sido sim -, mas sempre há a necessidade de alguém ler o que escrevemos. E, principalmente com o amadurecimento, o teor dos textos virou outro e o interesse em escrever também.

Mas havia parado. Parado de escrever muito. Os blogs sempre existiram (Esse, por exemplo, existe desde o começo do ano), só não havia atualização.

E agora eu me vejo rodeado deles, vários amigos criando - ou simplesmente colocando aquelas idéias escritas à mão na internet. E o que fazer? Resolvi escrever mais, publicar mais as coisas por aqui. Agora terei leitores, nem que apenas cinco ou seis, pois afinal é legal escrever e ter opinião sobre aquilo que escreveu. Pelo menos comigo é assim.

Sejam bem vindos mais uma vez a esse meu mundo "particular". E até o dia em que ele falecer novamente.