Wednesday, August 31, 2011

de um dos meus orgulhos

O ser humano dá valor ao que é importante quando está na iminência da perda ou na perda total. Se as pessoas pensassem que não houvesse amanhã e que entes queridos se vão, amariam mais e esqueceriam a guerra de egos em que se vive hoje.

Yan Odin
meu primeiro sobrinho, de quinze anos,
de uma inteligência e caráter ímpares,
cujo futuro na escrita já me está comprovado.


Monday, August 29, 2011

inesperado

é difícil respirar. é difícil conversar. é difícil aguentar. dentro da gente. a armadura flexível que chamam de pele por vezes se mostra indiferente ao que o cérebro corresponde por dentro. é fácil sorrir, dar as mãos, abraçar, beijar e se comunicar como se tudo dentro da cabeça estivesse em ordem. não se enganem, meus caros, nossa mente é nosso pior inimigo. não se sabe porquê, não se sabe quando a decisão foi tomada, não se sabe o que levou a isso. e creio que nunca se saberá. a única coisa que se sabe é como. como fez, como foi encontrado, como estava. e dói no peito. dói no peito de cada um que, de qualquer forma que seja, já teve o prazer de ser contagiado por aquele sorriso, por aquelas poucas palavras trocadas, por qualquer tipo de gesto que demonstrava quão bom ele era. uma dor anônima, invisível, hoje se extravasa nos olhos de amigos e familiares. a dor e o sofrimento da perda perpetuarão por muitos tempo, talvez pra sempre, dentro de cada um que pôde dar o seu adeus, e daqueles que preferiram guardar outra imagem dele: aquele sorriso alegre, ladeado por duas bochechas rosadas. vai em paz, illimani. que os anjos te acompanhem. e que Deus te proteja.

Sunday, August 28, 2011

'olha só o que eu achei...'

henrique estava a ponto de ter um colapso. além de achar que alguém o seguia e que todas as pessoas lhe vigiavam e julgavam com o olhar, suas idas a cozinha já não eram apenas para abrir a geladeira e pensar. a cada vez que a abria buscava algo para alimentar a gula que crescia dentro dele. uma ansiedade disfarçada de gula, na verdade. passou a entupir seu organismo de refrigerantes e chocolates. essa era parte boa, a que ele gostava. a que ele não gostava era quando, depois de acordar, percebia um aumento na protuberância que carregava no abdômen.
- tá gordinho, heim henry?
- academia e dieta segunda-feira.
sempre a segunda-feira. e sempre a segunda-feira que nunca chega. e, além do mais, henrique era daquele tipo de pessoa que não gosta de começar nada durante a semana. é meio como um ciclo vicioso de começar começando tudo. e passa tempo, e tempo passa, e passatempo, de chocolate e recheado, que era seu preferido. e mais um dia chegava ao início. depois da festança alimentícia, do abastecimento de refrigerante e da degustação de chocolates ele se preparava para ver o sol nascer. era nostálgico. e há muito tempo não acontecia. seu único receio era saber tudo aquilo que o alvorecer trazia junto com ele: todos os seus medos banhados pela luz da manhã, visíveis a quem lhe seguia, a quem lhe vigiava, e a quem o julgava só com o olhar. era por tudo isso que preferia não sair de casa.

Saturday, August 27, 2011

'explica a grande fúria do mundo...'

vai fazer dois meses que eu praticamente não saio de casa. e o que me preocupa é que isso não tem sido um problema. na verdade tem sido um alívio. escrevo isso aqui esperando ansiosamente que alguém na mesma situação me diga: calma, eu estou passando/já passei por isso. é incomodante se sentir bem em ficar apenas em casa. porque isso é, realmente, um problema. daqueles pequenos que, depois de pensar um pouco sobre eles, inesperadamente se transformam em um dos grandes. hoje senti vontade de me embriagar. comprar uma caixinha de cerveja, sentar na varanda da minha casa, ligar o som do carro e curtir a madrugada solitária desse sábado. cortei meu dedo do pé. meu sobrinho olhou e disse que a dor mesmo ia vir depois que eu molhasse pra lavar. é, algumas dores ficam piores depois que você tenta limpar o lugar ferido.

Friday, August 26, 2011

em cinco anos

fico lembrando desses meus últimos anos na faculdade: meus colegas de classe, em sua maioria, já tinham planos de carreira para quando terminasse o curso. uns queriam ser procuradores, outros promotores, defensores, juízes ou simplesmente exercer a advocacia (que já é uma tarefa bem árdua quando se trata de conseguir uma clientela). e aí eu lembro que ouvia esses planos e a única observação que eu fazia era que, no máximo, eu queria ser um analista judiciário (que basta ter o curso de direito pra exercer).

apesar de já ter prestado o exame da ordem duas vezes (sem sucesso), nunca quis seguir carreira de advogado. simplesmente queria ter a oab e ponto. pra quê? pra dizer que tinha. de uma certa forma acabava por sentir aquela pitadinha de inveja dos meus colegas que já sonhavam com a carreira jurídica, já sabiam o que queriam fazer, enfim, mesmo que sem uma certeza absoluta, já tinham pelo menos uma noção de onde queriam estar dali cinco anos.

aí você me pergunta porque inveja. bem, porque apesar de dizer que eu só queria ser um analista judiciário, eu não sabia bem ao certo se era realmente aquilo que eu queria fazer. é engraçado porque, quando eu tinha sete anos, eu fiz um planejamento profissional pra mim: me formar em direito, ser promotor, depois juiz, em seguida desembargador, diretor do tribunal de justiça (na minha inocência infantil achava que esse era o maior cargo do tj) e, por fim, quando me aposentasse seria homenageado com uma rua em meu nome.

sim, eu só tinha sete anos. mas, como diria joseph climber, a vida é uma caixinha de surpresas. e muita coisa aconteceu nesses quase dezesseis anos que se passaram. o fato é que se você me perguntar onde eu quero estar daqui a cinco anos eu não saberei responder. talvez amanhã eu acorde e de repente tenha um insight. mas a probabilidade quase zero de isso acontecer não me dá muita esperança.

Wednesday, August 24, 2011

para todos vocês ou de tudo um pouco

é de verdade que o coração pulsa. é de verdade que o sentimento está lá. é de verdade que a gente sabe que é melhor não encontrar. é de verdade que aguentar machuca dentro do peito. é de verdade que não adianta ninguém falar. é de verdade que não há o que falar. é de verdade que a pureza existe. é de verdade que a beleza persiste. é de verdade que só de amor não se vive. é de verdade que ocupar a cabeça ajuda. é de verdade que a troca de olhares não muda. é de verdade que um maço de cigarros acalma o desespero. é de verdade que o álcool faz esquecer por um momento. é de verdade que a distância atrapalha. é de verdade que travamos lutas diárias. é de verdade que saber pode te fazer enxergar. é de verdade que as vezes é melhor não contar. é de verdade que se deixa um fruto. é de verdade que o galho pode ser bruto. é de verdade que a gente se assusta. é de verdade que a notícia nem sempre é uma bruxa. é de verdade que a mentira é uma faca de dois gumes. é de verdade que a esperança é um vaga-lume. é de verdade que a luta não acaba. é de verdade que tudo é uma batalha. é de verdade que as vezes se ultrapassa os próprios limites. é de verdade que solução pra tudo existe. é de verdade que o desespero as vezes ecoa. é de verdade que pra se segurar no outro essa é a hora boa. é de verdade que sempre se tem um problema. é de verdade que se deve dar perdão e não pena. é de verdade que algumas coisas vem na hora imprópria. é de verdade que, sem saber, as vezes aquela é a hora. é de verdade que aos olhos vem lágrimas. é de verdade que sempre tem a melhor escapada. é de verdade que se deve manter por perto seus inimigos. é de verdade que se deve manter do seu lado os seus familiares e amigos.

[cada um desses trechos tem um pouquinho de cada um dos meus. um pouquinho que, sem eles perceberem, eu percebi. e com seus defeitos, e com seus trejeitos, e com seus lampejos e com suas qualidades, eu os amo infinitamente]

Sunday, August 21, 2011

o repolho ou aquilo que eu sou

não, eu não canto muito bem. além do cigarro, eu não bebo muita água durante o dia. uma garganta seca não ajuda muito, ainda mais quando não se tem conhecimento técnico, treino e prática do respirar com o diafragma. isso não me impede de baixar músicas em versão karaokê, ligar o microfone e fingir que estou me apresentando no american idol, got talent, glee project ou ídolos mesmo.

é, eu também não sei se atuo muito bem. nunca fiz teatro, a não ser aquelas interpretações de clássicos da literatura nas aulas do primeiro e segundo grau. e, a não ser que apresentar trabalho possa se incluir aqui, evito ao máximo me colocar na frente de uma platéia inteira para falar qualquer coisa (excluo meu discurso de formatura). mas essa é uma das coisas que as aulas de teatro te proporcionam não é? ajudam você a lidar com a vergonha de subir no palco.

escrever? bem, talvez eu escreva razoavelmente. nunca consegui passar de cinco páginas, mas com pequenos textos eu já percebo que evoluí bastante. claro que uma boa escrita é inerente a uma boa leitura, então, na verdade, preciso é ler mais para poder aprimorar minhas técnicas ao escrever. criatividade eu acho que já tenho (não que seja suficiente, mas já ajuda).

há uns sete, oito anos, entrei num curso para aprender a tocar violão. fiz isso duas vezes. e nunca pratiquei em casa. só treinava durante a aula e passei a querer ser autodidata alguns anos depois. mas logo parei também. não que não gostasse ou não quisesse, apenas parei. hoje sou louco para aprender a tocar violino. me apaixonei por esse som orquestrante. mas não esqueci o violão. esse eu ainda aprendo também.

e então me pedem que eu escolha uma coisa só pra fazer? minha cabeça pode querer mil coisas por ser anormal. mas e esse sentimento que, definitivamente, aperta o coração? tem certeza que ele vem só do querer que você sente na cabeça? é possível que, realmente, você escolha somente uma coisa pra fazer, quando seu coração te faz sentir que você é capaz de tantas outras? e as possibilidades de uní-las? e aquelas mil possibilidades que te rondam, enquanto você sabe escrever, cantar, atuar, pintar, desenhar ou tocar algum instrumento?

não, não me diga que eu só posso escrever porque nisso eu sou bom. eu quero fazer um curso e aprender a atuar. eu quero aprender as técnicas e conseguir cantar. eu quero baixar inúmeras cifras e traduzí-las. e eu sei que tudo isso é possível. eu sei que um trabalho me prende, que uma cobrança inconsciente me faz ter mais preocupação com quantos reais eu vou ter amanhã do que se estarei feliz amanhã. logo eu que sempre fui tão admirador do carpe diem.

não sei o que aconteceu comigo. não sei onde eu perdi meus anseios: se quando desisti da faculdade de publicidade, se durante a faculdade de direito ou se quando achei que meu futuro era um concurso público. só sei que, em algum momento, nesses últimos seis anos, deixei de ser papoula e me tornei um repolho. desse mesmo que a gente encontra em supermercado: fechado, enrolado em plástico. sem ter para onde se abrir.

Friday, August 19, 2011

eu tenho um sonho

eu tenho um sonho. dentre tantos outros sonhos. um sonho que me faz chorar a cada minuto que eu penso que é quase impossível realizá-lo. sim, porque sonhos são sonhos. e para que você os traga do campo das idéias para a realidade em que se vive é necessário muito esforço e vencer muitos obstáculos. talvez você diga que para realizar um sonho só depende da força de vontade. talvez você diga que impossível é aquilo que ninguém tentou fazer ainda. eu poderia abrir mão de tudo e realizá-lo. meter a cara e ver se dá em alguma coisa. ou mesmo que não dá em nada. eu tenho um sonho que me faz chorar a cada vídeo, a cada leitura, a cada fotografia que me faz acreditar cada vez mais que essa dificuldade de realizá-lo não é só falta de força de vontade, mas a distância que me separa do resto do mundo. não que eu odeie o lugar onde estou, só tenho, a cada dia, uma maior certeza de que aqui não é o meu lugar. eu sei que muitos passam por essa situação, e que eu sou só mais um em um milhão, mas eu sinto que o tempo tá passando, que eu to ficando pra trás, que cada vinte e quatro horas que eu passo aqui são vinte e quatro horas mais longe de onde eu estaria bem melhor. talvez eu devesse comprar uma passagem de ônibus, pegar a estrada, passar fome e descobrir o mundo. mas a insegurança me invade de uma forma que eu, sinceramente, não sei como lidar. rio branco, eu te amo. mas infelizmente eu só te tenho em meu coração como algo que deveria ser o meu passado.

Monday, August 15, 2011

vinte e quatro horas

De repente sinto o brilho dos meus olhos ser ofuscado pelo vazio que assola meu corpo. Enquanto brilhante, sentimental e amoroso, a atenção se volta para esse ser que, algumas horas, não sei se sou eu mesmo. Então, quando vazio, transformo qualquer impulso de brilhantismo, sentimentalismo e amorosidade em palavras duras, desentendimentos e frieza. Por vezes sei que pareço egoísta. Não no bom sentido de pensar primeiro em si mesmo, mas no sentido de simplesmente demonstrar que não ligo para os sentimentos alheios. E eu ligo. Mais do que deixo transparecer nessas vezes. E dói. Porque, bem lá no interior, eu sei que aquela seriedade que se exterioriza pelos lábios cerrados nada mais é que uma máscara que, sem que eu pedisse, a vida me deu. Deus não nos dá um fardo maior que possamos carregar. E qual seria a graça da vida, sem os fardos que ela nos dá, não é? Já faz um mês e meio. Um mês e meio que eu cheguei ao ápice dos sentimentos dolorosos, das atitudes impensadas, das decisões equivocadas. E, as vezes, parece que tudo o que vem sendo feito não está ajudando em nada. São só alguns momentos, mas eles estão lá. Eles existem, mesmo que no meu subconsciente. Existem, mesmo que nos meus sonhos. Existem, mesmo que na minha falta de sono. São momentos que duram cinco, dez, quinze minutos. Por vezes, horas. Nunca um dia inteiro. Um dia inteiro é muito tempo, são vinte e quatro horas. E, durante vinte e quatro horas, existem todos os momentos. Momentos eufóricos, esses sim, são os melhores. Momentos em que eu acho que o mundo e tudo do mundo conspiram ao meu favor. Momentos em que eu sou capaz de fazer qualquer coisa, de atingir qualquer objetivo. E aí os objetivos se tornam peças comuns do dia a dia. E transformam as expectativas em meras possibilidades impossíveis de ser alcançadas. Eram três projetos, já não tenho mais nenhum. Eram cinco faculdades, só existe apenas uma. Eram incontáveis sonhos prestes a realizar, já não me restam interesses a buscar. Só existe um medo, sabe? O medo de achar que o tal do equilíbrio não virá.

Sunday, August 14, 2011

choveu

hoje choveu. depois de muito tempo, hoje choveu. não sei se para os casais apaixonados, não sei se para acalentar as odes de tristeza, não sei se para confortar os corações amargurados. eu só sei que hoje choveu. e eu não sei dizer que euforia, que melancolia, que tristeza e que saudade que me deu. de tudo um pouco, um pouco de tudo. já não é possível sentar no asfalto e pular de sobressalto quando ouvir a aproximação de um carro. já não é tão tranquilo se deitar no chão molhado, sentindo os pingos no meu rosto, e ouvindo apenas o barulho das gotas e do vento, com tantas crianças correndo pela casa. hoje choveu apenas por alguns minutos. mas o suficiente para contrariar o sol que insistia em queimar minha pele. é dia dos pais e estavam todos aqui. não teve homenagem, café da manhã, carro de mensagem. mas teve a confraternização familiar, essa coisa gostosa de participar. mas hoje choveu, e aquela nostalgia, aquela magia que a chuva traz, não foi o suficiente pra me fazer lavar a alma.

Friday, August 12, 2011

Morar em Rio Branco é isso

Morar em Rio Branco é isso: o que você fala, o que você faz, o que você pensa e, principalmente, o que você escreve toma proporções que é impossível mesurar. É por isso que muitos ficam calados, é por isso que muitos sofrem em silêncio. O julgamento das outras pessoas te torna escravo dos seus próprios sentimentos, sem que seja coerente explicar alguma coisa ou simplesmente se explicar. Para você mesmo. Você fica refém do que os outros vão pensar de você e isso te faz sofrer mais ainda. Se manifestar na internet, principalmente escrevendo em blogs, é a forma que muitos encontram para extravasar todos aqueles sentimentos, sejam bons ou ruins, e compartilhar com outras pessoas que, muitas vezes, sentem o mesmo. Anonimamente.

Porque morar em Rio Branco é isso: ou você se manifesta anonimamente ou as pessoas vão te olhar torto quando te encontrarem na rua. Eu, particularmente, escolhi não ser um anônimo. Assino minhas publicações com meu nome, da mesma forma que assino um documento registrado em cartório. Por quê? Porque, de certa forma, acho que ainda sei distinguir aquilo que as pessoas realmente não precisam saber daquilo que eu quero que elas saibam. Não conto tantas histórias reais, não detalho tudo o que sinto, não especifico qualquer coisa que aconteça na minha vida. Meu blog não é um diário, é um pequeno manifesto de tudo o que se passa dentro da minha cabeça, do meu coração.

Mas morar em Rio Branco é isso: você pode apenas encontrar uma pessoa e perguntar se está tudo bem. Quando essa troca de cumprimento for passada a uma terceira pessoa ela já saberá que você estava com cara de choro, muito pálido, andando apressado. E dali pra frente é possível escrever um livro sobre um simples encontro no Mercado Velho. Se eu falo sobre algumas coisas aqui, as pessoas tem o direito de comentar sim, afinal eu tornei público o que estava sentindo. Mas, gente, precisa deturpar ou simplesmente engrandecer tanto? Que dificuldade é essa de procurar algo mais útil pra fazer que ficar falando isso ou aquilo de quem nem mesmo conhece?

É que morar em Rio Branco é isso: não tem coisa mais útil pra fazer que falar da vida alheia né? Porque o interessante mesmo é achar que conhece a pessoa a fundo, que é o melhor amigo só porque leu alguma coisa na internet. Só porque você sabe um mínimo da vida da pessoa, isso já te dá o direito de achar que sabe da vida inteira. Se eu falo de coisas tristes por aqui, não significa que minha vida inteira eu fui triste. Do mesmo jeito, se eu falar de coisas alegres, não quer dizer que eu sempre fui alegre. Aliás, quem consegue viver uma vida inteira apenas n’um estado de alegria ou de tristeza, sinceramente precisa procurar um médico urgente.

Ser feliz ou ser triste não é condição de vida. É apenas um estado de espírito. As vezes dura mais, as vezes dura menos. E ninguém escolhe isso, gente. Nem sempre essa história de o sofrimento é opcional é verdadeira. E quem sente, quem passa, sabe disso. Tudo bem, a partir do momento que eu escrevo qualquer coisa do tipo aqui, isso se torna público e dá direito às pessoas comentarem qualquer coisa. Mas as pessoas que nunca sentiram nada do gênero, sintam-se privilegiadas. E espero que isso nunca aconteça com vocês. Apesar de muitos acharem o máximo isso acontecer com alguém pra terem o que comentar nos barzinhos no fim de semana. Morar em Rio Branco é isso: se sujeitar à comemoração dos outros pelo estado em que você se encontra para que as rodadas de cerveja não fiquem sem assunto.

Thursday, August 11, 2011

Legião Urbana - Clarisse



Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
(...)
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
(...)
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
(...)
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
(...)
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
(...)
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
(...)
Clarisse só tem 22 anos...

Tuesday, August 09, 2011

fases da vida

To cansado de sentir as pessoas me olhando com olhos de piedade. Sim, por mais que se neguem a assumir isso, para mim e para si mesmas, eu sei que o sentimento em maior quantidade é esse. Não sei se é piedade pelo que eu tenho, pelo que eu sinto, por como eu estou, pelo que eu não conquistei, pelo que eu desisti ou pelas tantas outras coisas que eu tenho medo de tentar. E, também, não sei lidar com isso dentro de mim. Aliás, é difícil lidar com qualquer coisa que venha daqui de dentro. Não importa se felicidade ou tristeza, se alegria ou angústia, se orgulho ou decepção. Comigo mesmo. E aí, meu caro, se eu não sei lidar com meus próprios sentimentos, como lidar com o dos outros? É nessa fase que me encontro. Nessa fase de estar completamente alheio ao que se passa aqui dentro e ao que se passa dentro dos outros. Sem controle em qualquer dessas situações. O que fazer? Se eu não sei lidar com isso, eu lá vou saber o que fazer, oras!

sem sentido

Sinto uma dor no peito. Meu coração ofegante deixa minha respiração em semelhante estado. Não se sabe a causa da dor, não se sabe a causa do sofrimento. Um simples dedilhar no violão é capaz de transformar um iluminado sol em uma fervorosa tempestade interna. Não interessam as canções, os autores, suas letras, nem suas melodias. Assim como tantas outras coisas na vida, basta que existam. É a angústia de se dar com o que já está aí. É o peso de carregar o que já se tem. É o medo de enfrentar qualquer outra coisa diferente que venha pela frente. Até o que outrora era frio, agora é dor na barriga. Não sei o que escrever, ou se devo descrever. Porque não sei bem até que ponto é possível se distinguir o que é bem do mal do bom e do mau.

Monday, August 08, 2011

onde está a paz?

é algo no mínimo engraçado: quando estou feliz e quando estou com raiva as palavras não me veem de uma forma concisa. uma coisinha aqui, outra ali. no estágio da depressão, da tristeza, consigo escrever textos e mais textos externando todo esse sentimento que me deixa pra baixo. é nessa hora que as melhores palavras vêm, nessa hora que as melhores frases se encaixam. com isso o maior número de textos (que eu considero) bons que eu já escrevi aqui vem dessas fases. sou um admirador da depressão, se assim podemos dizer. admiro falar da melancolia, admiro falar do desespero, admiro falar da tristeza que nunca vai passar. e, nessas horas, o que te conforta é que algumas pessoas se sentem exatamente como você. você percebe que não é único no mundo. e que dar as mão, sem necessariamente acorrentar a alma, mas tentando segurar a barra ali, todo mundo junto, ajuda. mas, antes de qualquer coisa, é preciso encontrar um foco. sim, sim! precisa-se organizar a cabeça, colocar as idéias no lugar, descobrir aquele algo que vai te inspirar a sair do fundo do poço. eu costumo atirar pra todos os lados, tentanto acertar um alvo que me traga uma resposta mais clara. mas isso não é o desespero? onde se encontra a paz? alguém possui um mapa da quatro-rodas que indique exatamente o percurso a se fazer para se chegar até ela? ou a viagem a ser feita é justamente aquela mais difícil e cheia de curvas, buracos e desvios necessários, para justamente chegar até dentro de você?

Saturday, August 06, 2011

onde fica você?

as vezes a vida segue por caminhos completamente diferentes daqueles que imaginávamos. de repente você se pega numa encruzilhada, onde uma das setas indica o que você quer e a outra, que é a que você segue, indica o que os outros querem e esperam de você. isso deixa sua personalidade, seu orgulho e sua vontade no chão. em prol da personalidade, do orgulho e da vontade dos outros. é sobre isso que se solidifica aquilo que você vai carregar pra vida inteira. to cansado de engavetar meus sonhos em virtude dos sonhos alheios.