Monday, August 15, 2011

vinte e quatro horas

De repente sinto o brilho dos meus olhos ser ofuscado pelo vazio que assola meu corpo. Enquanto brilhante, sentimental e amoroso, a atenção se volta para esse ser que, algumas horas, não sei se sou eu mesmo. Então, quando vazio, transformo qualquer impulso de brilhantismo, sentimentalismo e amorosidade em palavras duras, desentendimentos e frieza. Por vezes sei que pareço egoísta. Não no bom sentido de pensar primeiro em si mesmo, mas no sentido de simplesmente demonstrar que não ligo para os sentimentos alheios. E eu ligo. Mais do que deixo transparecer nessas vezes. E dói. Porque, bem lá no interior, eu sei que aquela seriedade que se exterioriza pelos lábios cerrados nada mais é que uma máscara que, sem que eu pedisse, a vida me deu. Deus não nos dá um fardo maior que possamos carregar. E qual seria a graça da vida, sem os fardos que ela nos dá, não é? Já faz um mês e meio. Um mês e meio que eu cheguei ao ápice dos sentimentos dolorosos, das atitudes impensadas, das decisões equivocadas. E, as vezes, parece que tudo o que vem sendo feito não está ajudando em nada. São só alguns momentos, mas eles estão lá. Eles existem, mesmo que no meu subconsciente. Existem, mesmo que nos meus sonhos. Existem, mesmo que na minha falta de sono. São momentos que duram cinco, dez, quinze minutos. Por vezes, horas. Nunca um dia inteiro. Um dia inteiro é muito tempo, são vinte e quatro horas. E, durante vinte e quatro horas, existem todos os momentos. Momentos eufóricos, esses sim, são os melhores. Momentos em que eu acho que o mundo e tudo do mundo conspiram ao meu favor. Momentos em que eu sou capaz de fazer qualquer coisa, de atingir qualquer objetivo. E aí os objetivos se tornam peças comuns do dia a dia. E transformam as expectativas em meras possibilidades impossíveis de ser alcançadas. Eram três projetos, já não tenho mais nenhum. Eram cinco faculdades, só existe apenas uma. Eram incontáveis sonhos prestes a realizar, já não me restam interesses a buscar. Só existe um medo, sabe? O medo de achar que o tal do equilíbrio não virá.

1 comment:

Srta. Pucca said...

O tempo vai passando e as vezes achamos que o que queremos que passe não está passando com o tempo. Dizem que o tempo cura tudo. Será? Eu não sei, estou pagando pra ver. Os nossos sonhos não deixaram de existir, só estão em algum lugar dentro de nós, de escanteio, precisando ser repaginados e colocados em prática.