Eu tinha medo dela. Aquele mulherão, no auge dos trinta anos, esbanjando beleza, gingado e simpatia de um jeito que só ela sabia fazer, não tinha ido com a minha cara no nosso primeiro encontro. Eu tinha certeza, afinal ela nem me olhou nos olhos quando fomos devidamente apresentados. Imaginei que aquele alguém vindo antes de mim a teria traumatizado de forma que era melhor manter distância do outro que estava no presente. Decepcionar-se causa uma dor capaz de traumatizar uma pessoa. E se tinha algo que eu não tinha a menor pretensão de ser para ela era mais uma decepção. Éramos dois rios, separados por alguns quilômetros de terra.
Um dia ela me chamou para almoçar. A surpresa só não era maior que a distância entre os cantos dos lábios, que quase adormeceram de tanto sorrir. Naquele momento eu só conseguia pensar que era a oportunidade perfeita para lhe dar ao menos um único motivo para confiar em mim. Eu não precisava da sua aprovação, mas eu queria. Não lhe devia nada, mas me sentia com o dever de lhe proporcionar segurança. E precisava mostrar-lhe, de algum modo, que aquele meu anseio em lhe garantir algumas risadas não era apenas fruto do fato de me fazer responsável pelo seu bem mais precioso.
Eu era assim. Eu sou assim. E tinha esse desejo de fazê-la acreditar nas minhas reais intenções fervilhando dentro de mim. Aquele almoço era a oportunidade perfeita, então. E eu nunca soube qual impressão deixei aquele dia. Além de raros, nossos encontros eram sempre cronometrados em alguns minutos. Depois daquele almoço, pouco tempo nos era reservado para conhecermos mais um ao outro. Mas, diferentemente de quando fomos pela primeira vez apresentados, depois daquele domingo com cerveja, piscina e churrasco, nossos olhos não deixaram mais de se cruzar.
Éramos dois rios deixando suas águas se encontrarem, mas não sabia se iríamos deixa-las se misturar. O fato é que eu sempre fui de acreditar em destino. Ainda que cético em relação a muitas coisas, existem lugares, pessoas e situações que não tem outra justificativa para serem daquele jeito se não como algo que já estava predeterminado. E meses depois daquele almoço acabamos por dividir o mesmo ambiente de trabalho. O cronômetro já não contabilizava apenas os minutos, mas as horas que compartilhávamos. E o presente se tornou muito mais importante que minha curiosidade sobre aquela primeira impressão do passado.
Eu já não tinha mais medo dela. Percebi, na verdade, que nunca haveria de ter tido. Descobrimos cumplicidade e construímos confiança mútua. Nossos sonhos para além da realidade, desprovidos da descrença alheia pela nossa própria crença em nós mesmos, me fizeram enxergar que éramos mais parecidos do que imaginávamos. E, assim como para ela não era necessário, não precisava de outro para tê-la comigo. A confluência de nossos rios se fez invisível. Se antes nossas águas se encontravam mas não se misturavam, elas agora faziam parte de um único mar, sem distinção de fauna ou flora, compartilhando das mesmas ondas.
Um dia ela me chamou para almoçar. A surpresa só não era maior que a distância entre os cantos dos lábios, que quase adormeceram de tanto sorrir. Naquele momento eu só conseguia pensar que era a oportunidade perfeita para lhe dar ao menos um único motivo para confiar em mim. Eu não precisava da sua aprovação, mas eu queria. Não lhe devia nada, mas me sentia com o dever de lhe proporcionar segurança. E precisava mostrar-lhe, de algum modo, que aquele meu anseio em lhe garantir algumas risadas não era apenas fruto do fato de me fazer responsável pelo seu bem mais precioso.
Eu era assim. Eu sou assim. E tinha esse desejo de fazê-la acreditar nas minhas reais intenções fervilhando dentro de mim. Aquele almoço era a oportunidade perfeita, então. E eu nunca soube qual impressão deixei aquele dia. Além de raros, nossos encontros eram sempre cronometrados em alguns minutos. Depois daquele almoço, pouco tempo nos era reservado para conhecermos mais um ao outro. Mas, diferentemente de quando fomos pela primeira vez apresentados, depois daquele domingo com cerveja, piscina e churrasco, nossos olhos não deixaram mais de se cruzar.
Éramos dois rios deixando suas águas se encontrarem, mas não sabia se iríamos deixa-las se misturar. O fato é que eu sempre fui de acreditar em destino. Ainda que cético em relação a muitas coisas, existem lugares, pessoas e situações que não tem outra justificativa para serem daquele jeito se não como algo que já estava predeterminado. E meses depois daquele almoço acabamos por dividir o mesmo ambiente de trabalho. O cronômetro já não contabilizava apenas os minutos, mas as horas que compartilhávamos. E o presente se tornou muito mais importante que minha curiosidade sobre aquela primeira impressão do passado.
Eu já não tinha mais medo dela. Percebi, na verdade, que nunca haveria de ter tido. Descobrimos cumplicidade e construímos confiança mútua. Nossos sonhos para além da realidade, desprovidos da descrença alheia pela nossa própria crença em nós mesmos, me fizeram enxergar que éramos mais parecidos do que imaginávamos. E, assim como para ela não era necessário, não precisava de outro para tê-la comigo. A confluência de nossos rios se fez invisível. Se antes nossas águas se encontravam mas não se misturavam, elas agora faziam parte de um único mar, sem distinção de fauna ou flora, compartilhando das mesmas ondas.
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