cruzaram os olhares na calçada. era carioca. era americana. do norte ou do sul? central. carregava um peso sobre os ombros, não se sabia por quê, mas tinha uma desenvoltura de dançarina dos cabarés. ele, com seu jeito firme, de macho, carregava o peso sobre os pés, pisando a passos largos e fundos. e aquela troca de olhares, lhes deu uma leveza que não entenderam.
foi apenas uma cruzada de olhares. mas foi suficiente para encher ambos os corpos de uma energia infinita com cores e sons variados, de jazz a sambas de mil novecentos e trinta, do bordô ao flamingo. um voltava da madrugada turbulenta de um sábado sem conquistas promissoras, a outra caminhava rumo ao seu exercício matinal: a caminhada pelas ruas da cidade.
uma simples cruzada de olhares e os mundos, dele e dela, desabaram. incrivelmente depois daqueles poucos segundos que se entreolharam a vida pareceu fazer mais sentido e aquela paisagem bucólica de um domingo surpreendentemente tornou-se mais vivaz. não eram mais apenas pessoas caminhando de um lado para o outro pela cidade. eram personagens daqueles que a gente assiste e se vê.
depois daquela cruzada de olhares, ele dobrou a esquina. ela continou seu caminho, mas com um sorriso diferente no rosto. depois daquela cruzada de olhares, ele voltou a escrever poesia. ela resolveu se apaixonar novamente. depois daquela cruzada de olhares, eles seguiram por caminhos completamente diferentes, mas sempre andando para a frente.
4 comments:
Gostei do blog. depois leio com calma, se puder dê uma passa no meu =)
calmariasefuracoes.blogspot.com
Ótimo texto. Eu acho incrível quando algumas pessoas conseguem mexer comigo, sem nem trocarmos palavras ou um simples cumprimento. Às vezes era amor, desses que acontece sem sentido nenhum.
Abraço =)
Acontece o mesmo comigo. Tanto que a maioria dos meus textos são sobre algo/alguém que eu perdi, ou qualquer sentimento que não seja sinônimo de felicidade. Não sei se são as faltas de momentos felizes, ou meu foco exagerado nas coisas ruisn que acontecem, só sei que quando penso em escrever, logo me vem os amores platônicos, não correspondidos, traições, falsidade, e coisas do tipo. Já me perguntaram quanto pagariam pra eu me matar e deixar de escrever essas coisas. Bem... se as coisas que escrevo tivessem preço, talvez eu pensaria nessa proposta.
Prz, Joao.
Ah sim, favoritarei também. =)
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