Monday, October 18, 2010

me toma nos braços

Me toma nos braços sua cadela desgarrada de sentimentos. Continue a fingir que eu não existo, mas me toma nos braços. Eu sei que você não me quer, mas eu quero você e te desejo com minhas raízes mais profundas fincadas a terra. Eu sinto teu perfume até mesmo vindo debaixo das sujas ruas desta cidade que já não faz sentido sem você. Não venha dizer que sou herói se meu cavalo não fala inglês. Ser herói é conseguir viver sem você, é conseguir me deixar de você. E até hoje, sua filha da puta, depois de tanto tempo, de tantos anos, de tantas décadas, ainda me vejo viciado em você como na mesma época estava na heroína. Já fazem vinte anos e é como se existisse seu fantasma dentro da minha casa. Não consigo outra que me faça tanto mal, e é do que gosto. Gosto que me faça mal, que me faça sofrer, que me faça ser dominado. Gosto de me sentir um cão mal tratado, com dono de hábitos cruéis. Me toma nos braços e me faz escravo mais um pouco desse sentimento que me atormenta da alma aos joelhos. Me deixa beber dessa água podre de onde tu me banhas. Estou fadado a te querer pra sempre, e me sentir como mais um dos seus troféus. Daqueles troféus que você esconde na última gaveta da estante, com vergonha de ter recebido. Continue a me ter com vergonha. Tenha a minha vergonha. Tenha tudo o que me pertence. Porque tudo que é meu te pertence. Me maltrate. Mas me toma nos braços.

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