A moça de olhos puxados olhava ansiosamente o relógio. O rapaz ao seu lado estava inquietante. Nem sinal do avião que estavam esperando. A Infraero já anunciara: “tan, tan, a Infraero informa que o vôo 7347, procedente de Brasília poderá atrasar”. Eles só não achavam que a demora seria de mais de uma hora. E finalmente um ponto reluzente lá longe, entre as nuvens, anunciava a chegada de quem estavam aguardando.
Durou mais ou menos ainda meia hora até que se encontrassem ao lado de fora da sala de desembarque. Ele saiu, sorridente, mas seu semblante ficou frio quando olhou para os dois que lhe esperavam. Deu um meio sorriso, fingido, e se dirigiu até o lugar onde estavam. Deu um olá meio seco e perguntou onde estava o carro. A moça de olhos puxados não entendeu, perguntou como tinha sido a viagem, se tinha aproveitado a estadia. Ele não respondeu. O rapaz também não entendeu nada.
Ninguém teve coragem de perguntar. A moça de olhos puxados voltava do aeroporto dirigindo. Ele estava no banco do passageiro e o rapaz entre os dois, no banco de trás. Não trocaram nenhuma palavra. Ele não abriu a boca nem para agradecer por terem ido buscá-lo. Pelo percurso que fariam, o primeiro a ser deixado seria o rapaz no banco de trás. E, logo após ele descer do carro, foi quando ele falou pela primeira vez desde o aeroporto:
Durou mais ou menos ainda meia hora até que se encontrassem ao lado de fora da sala de desembarque. Ele saiu, sorridente, mas seu semblante ficou frio quando olhou para os dois que lhe esperavam. Deu um meio sorriso, fingido, e se dirigiu até o lugar onde estavam. Deu um olá meio seco e perguntou onde estava o carro. A moça de olhos puxados não entendeu, perguntou como tinha sido a viagem, se tinha aproveitado a estadia. Ele não respondeu. O rapaz também não entendeu nada.
Ninguém teve coragem de perguntar. A moça de olhos puxados voltava do aeroporto dirigindo. Ele estava no banco do passageiro e o rapaz entre os dois, no banco de trás. Não trocaram nenhuma palavra. Ele não abriu a boca nem para agradecer por terem ido buscá-lo. Pelo percurso que fariam, o primeiro a ser deixado seria o rapaz no banco de trás. E, logo após ele descer do carro, foi quando ele falou pela primeira vez desde o aeroporto:
- O que ele estava fazendo lá?
- Como assim?
- Como assim? Você ainda tem coragem de perguntar “como assim”?
- Ele é nosso amigo, estava ansioso para que...
- Ele é SEU amigo – interrompeu.
- Mas eu achava que...
- Não, você não achava nada. Você não acha nada. Eu to cansado, acabei de chegar. Só queria ver você e aí você aparece com ele lá.
- Mas eu pensei que...
- Quer saber? Desculpa ser tão babaca, mas eu preciso falar isso: ou ele ou eu.
- O que você ta querendo dizer com isso?
- Não entendeu? É simples. Ou ele, ou eu.
- Eu não posso fazer essa escolha.
- Por quê? Tá com medo de ser sincera e me perder para sempre?
- Não, to com medo de... de... Sei lá. Não quero fazer essa escolha. Não é necessário.
- Bom, é você quem sabe. Pode parar aqui?
- Pra quê eu vou parar no meio da rua?
- Pra eu descer.
- Deixa de ser babaca.
- Eu não to sendo babaca. Diferentemente de você eu estou sendo sincero.
- Ah, vai se fuder.
- Viu? Não é difícil ser sincera.
- Eu não vou parar, vou lhe deixar em casa.
- Não, não vai. O sinal ta fechando. Vou descer aqui.
- Para com isso.
- A escolha é simples: ou ele ou eu.
- Você não está me deixando escolher. Você está me obrigando a escolher.
- Ok. Se eu sou uma obrigação, adeus.
- Espera.
- Adeus.
Ela parou o carro no sinal vermelho. Ele aproveitou, pegou sua mochila e se retirou. Pegou seu emepetrês e colocou os fones no ouvido. O sinal abriu e ela seguiu. Com lágrimas nos olhos. Não podia fazer aquela escolha. Era seu melhor amigo ou seu namorado.
1 comment:
Ele não foi egoísta em pedir que ela escolhesse ou um, ou outro? É como alguém que gosta de chocolate branco e preto, e pedir paraque escolha apenas um dos dois. Ok, não foi uma boa comparação.
Bem, acho que ele deve ter tido seus motivos para pedir que escolhesse.
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