Friday, August 08, 2014

Carente

De carência eu entendo. Senti na pele o sabor amargo que percorre os lábios ao olhar para o lado e não enxergar uma vivalma sequer capaz de me consolar. E se hoje digo que de carência eu entendo, é porque, naquela hora, viver ou morrer dependia disso. Não é que você viva sozinho, não é que você vai viver sozinho, não é que não vai ter ninguém pra você, não é que ninguém goste de você. É simplesmente o fato de que você não tem que precisar de nada disso. Você tem que saber olhar pra si e saber se reconhecer. Saber reconhecer que aquela pessoa ali é o seu melhor companheiro. É você conseguir olhar no espelho e conseguir dizer pra si mesmo que você é o exemplo que você quer seguir. Mesmo que não seja o exemplo que você imaginava, mesmo que você não seja perfeito. Porque, as vezes, você olha e fala: ah, a vida do fulano é melhor do que a minha, não quero ser igual a mim. Não! Quando você deixa de olhar pra essa parte, quando você passa a olhar pro lado do "quanto será que eu estou aprendendo por ter a vida 'pior' que o fulano?". Só deus sabe o quanto a gente aprende tendo a vida "pior" que a gente acha que deve levar. E estar sozinho, estar carente, estar precisando das pessoas é isso. É essa parte. É nessa hora que você aprende. Mas você só aprende se você conseguir se desvencilhar disso. Você só aprende se conseguir colocar na sua cabeça que definitivamente não vai ser o outro. Se você não fizer, o outro não vai fazer por você. E quando você se dá conta e aceita isso, adeus carência de companhia, adeus carência de conversar, adeus carência de tudo. Porque você se torna consciente que na hora que o outro puder, ele vai estar lá. Mas se ele não puder, você já tem com quem contar: você mesmo.

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