Tuesday, September 13, 2011

do lima e dos santos

estavam os dois sabe-se lá em que situação. só se sabia ser particular. ele aparentava seu tormento pois seus olhos inchados indicavam o choro que descera anteriormente pelo seu rosto. ela, não adiantava tentar esconder: a maquiagem borrada a transformava na pessoa frágil que não queria aparentar. já havia algumas horas que tinham sentado na última mesa do bar. um som ambiente, alguns rapazes sentados enchendo o saco do barman e eles dois buscando explicações para o que quer que tivesse acontecido horas antes. cada um viera de um lugar diferente. buscando carinho, afago, redenção. se abraçaram e entraram onde escolherem ser o lugar ideal para depositar todas as mágoas.

a garrafa de whisky já estava abaixo da metade. o balde de gelo quase vazio. uma música começou a tocar. the bees trazia recordações a ambos. boas e ruins. como se estivessem em sintonia, os dois se levantaram. passaram a balançar o corpo quase não se aguentando em pé. a cabeça de cada um deles girando para lados contrários. um de frente pro outro, com algumas poucas trocas de olhares. mas compenetrados em uma cumplicidade absurda que ultrapassava a barreira mental, unindo-os em um único pensamento: depois daqui, se reerguer. ouviram ainda mais uma música. velvet underground embalou a saída de ambos para onde quer que fossem. mas, dessa vez, foram juntos. o sabe-se lá o quê que tinham não prestou informação. não deixou nome, nem recado. e nem se sabe se teve solução.

*escrito com Caroline Santos.

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