À noite sentia o peso do dia que passara. E, ao lembrar que no seguinte seria do mesmo jeito, via seu rosto contorcer-se em frente ao espelho. E odiava espelhos.
Espelhos lhe deixavam ainda mais cansado. Percebia o tempo passar pelo seu corpo e preferia achar que não envelheceria nunca. Por isso não olhava a si mesmo por fora. Suas análises pessoais sempre se referiam ao seu eu interior. E isso também o cansava.
Os cadernos em que escrevia já não tinham mais páginas. Escrevera tanto, tanto e mais um pouco de tanto, que suas mãos estavam calejadas. E cansadas.
E muitos dias. Passaram. Voltaram coisas que não existiam mais. E o medo. Tensão pela falha. Suas forças sendo consumidas. E o cansaço o consumindo.
1 comment:
E em seus olhos escuros, podia se ver sua alma cançada. Implorando por um momento de descanço. Um momento que nunca viria.
Ele estava cançado. E tudo que queria era descaçar.
Dormir, e não acordar nunca mais.
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