Thursday, November 13, 2008

à espera de um milagre

Sem saber o que fazer ele contava os minutos à espera daquele telefonema. O sol, prestes a esconder seus raios no fim da tarde, queimava levemente sua pele. Acendeu um cigarro para que o tempo passasse mais rápido. Sabia que seu telefone não ia tocar, mas sua esperança sempre era a última a desfalecer. Que sentimento era aquele que insistia em permanecer em seu coração?

Aumentou o volume do som para tentar fazer com que seu corpo absorvesse a música. Trazia recordações de tempos anteriores àquele que vivia agora. Tempos em que a vida era mais fácil, quase não tinha problemas e bastava saber da existência. Olhou-se no espelho e percorreu todo o seu rosto, constatando o quanto envelhecera naqueles anos da faculdade. Tinha sede de viver, viver com a mesma intensidade que, outrora, o acompanhara.

O telefone tocou. Sentiu o coração bater mais forte, a respiração ofegar e as mãos tremerem. Um fio de medo cortou-lhe a garganta. Não era quem esperava que fosse. E era incrível como ainda não se acostumara com aquilo. Sabia. Sempre soube que a ligação nunca viria, mas tinha medo de desistir e acabar perdendo. E perdeu. Perdeu seu amor-próprio, como nunca o tinha feito anteriormente.

2 comments:

Ana Helena said...

tbm odeio esperar o telefonema que nunca chega. sinto dor no estomago na espera.

=*

Thalyta França said...

FIO DE MEDO.
tem patente! mas eu deixo.
eu sei bem como é.
=)