você passou tanto tempo olhando pro espelho, que acabou esquecendo dos outros objetos que existiam no seu quarto. a poeira cobriu aqueles belos adornos, os mais bonitos que você tinha na cabeceira da cama e nas outras partes da estante. a grande questão é: você vai pegar o pano e limpar tudo? ou vai deixar como está?
Wednesday, November 26, 2008
1175
durante mil cento e setenta e cinco dias eu fui feliz. eu aprendi. eu reconheci. eu briguei. eu xinguei. eu tentei ser melhor. eu talvez tenha sido. eu tive a primeira. aliás, várias primeiras. eu me tornei homem. eu fiz o possível. sempre que possível. e hoje eu tenho aquela me mostrou tanta coisa do meu lado pra sempre.
tapa na cara
- você é uma pessoa inconveniente.
- da mesma forma que não me interessa as coisas que você fala.
- da mesma forma que não me interessa as coisas que você fala.
Tuesday, November 25, 2008
feliz
Conseguir pôr sua cabeça em ordem é algo que talvez você nunca consiga. Apesar das mais variadas tentativas, sempre vai haver algo que o incomoda e que te deixa confuso. Não adianta: ordem não combina com estar sempre fazendo escolhas. Pelo menos do meu ponto de vista. Mesmo assim, creio que arrumar a bagunça da vida te dá um descanso. Não que a partir disso você poderá viver em paz, na beira da praia, tomando água de côco pra sempre. Mas é legal de repente fazer uma faxina. Às vezes você faz e nem percebe, pra falar a verdade. Deixa de lado aquilo que não lhe traz bem-estar, aprende a dizer não sem se preocupar em magoar. Você definitivamente percebe que tem uma hora, cara, que ou é você ou não é ninguém, entende? Deve-se saber escolher bem aqueles para te acompanharem. Mesmo sabendo que nem todos aqueles que você escolhe estarão lá. E que aqueles que você desprezou vão te dar uma mãozinha em alguma coisa. São as conseqüências das escolhas. Isso, aquelas mesmas escolhas que não deixam sua cabeça em ordem. Mas o grande lance é não se preocupar com isso. É saber que é assim. É estar bem resolvido quanto à isso. É saber olhar no espelho e conversar com seu reflexo, não como uma outra pessoa, mas como você. Como uma pessoa, enfim, completa. Pensar que problemas todos nós temos muitos. Que nenhum é menor do que o outro, pois cada pessoa é cada pessoa, e com isso podemos considerar que o problema é, definitivamente, do tamanho que cada um lhe dá. Quando você está bem, quando você se preocupa em ser feliz, tudo isso vira pouco. Tudo isso se torna pequeno diante daquele sorriso que você decidiu se dar de presente todos os dias de manhã, frente ao seu reflexo. Tudo isso se torna pequeno, até mesmo o mundo, quando você decide que nunca é tarde pra recomeçar, que as chances e oportunidades estão aí sempre, que é só tentar. Esqueça os outros, deboche daqueles que não acreditam em você, mande os invejosos à merda. Saia na rua, tome banho de chuva e grite pra todo mundo ouvir que sua felicidade só depende de você mesmo. Carpe diem meus caros.
Monday, November 24, 2008
sonhando
- E por acaso eu te conheço?
- Aparentemente não. Mas isso é um problema?
- Não sei.
- Bem, suponho que não, afinal estamos aqui para conhecer pessoas, não é?
- Eu não freqüento esses lugares para conhecer pessoas, apenas para dançar.
- Quero dizer que estamos aqui, nesse mundo, para conhecer pessoas – disse enquanto apontava o dedo para baixo.
- Isso quer dizer que eu sou obrigado a conhecer você?
- Não, de forma alguma. Mas eu posso querer conhecer você. Então façamos o seguinte, eu te pergunto tudo e você não me pergunta nada. Aí eu te conheço e você não me conhece. Assim ficamos todos felizes, o que acha?
- Eu não acho nada. Só não tenho interesse em conversar agora.
- Tudo bem, eu espero. – ficou calado por cinco segundos – E aí? Já?
- Acho que quanto mais rápido eu responder suas perguntas, mais rápido você vai embora, né?
- Talvez. Mas talvez daqui a pouco você nem queira que eu vá embora mais.
- Veremos.
Felipe perguntou tudo o que queria saber à seu respeito. Onde havia morado, se era casada, se tinha namorado, filhos, um cachorro ou um gato. O que gostava de fazer em seu tempo livre, com o quê trabalhava, se ainda estudava. A conversa foi sendo tão construtiva que ela começou a interagir com ele, deixando de apenas responder perguntas. Começou a contar histórias de sua vida, perguntou sobre a vida dele. Ao invés de dançarem, passaram a noite conversando, sentados em um local afastado da enorme concentração de pessoas que se mexiam de um lado para o outro.
- Bem, vou indo.
- Mas já?
- Você queria que eu fosse embora rápido. Já demorei mais do que deveria, não é?
- Fica. Desculpa minha arrogância.
- Tem certeza?
- Na verdade eu preferia que nós fôssemos embora.
- E nós vamos pra onde?
- Não sei. Vamos dar uma volta. Você está de carro?
- Não. Pedi que um amigo me deixasse aqui.
- Já sabia que ia me encontrar não é?
- Tinha esperanças.
- Bem, eu to no meu carro. Vamos?
- Claro.
Os dois deram algumas voltas, conversando sobre planos futuros, trabalho e faculdade. Felipe não conseguia pensar direito. Achava engraçado estar onde estava, sendo sempre tão pessimista como era. Nunca achou que fosse ter aquela oportunidade e, de repente, estava ali, ao lado de alguém com quem sonhara estar.
- Você pode me deixar em casa?
- Já?
- Sim, preciso ir. Já são quatro horas da manhã. Minha mãe deve estar acordada me esperando.
- Onde você mora?
- Aqui perto. Pode ir por ali.
Ao chegarem em frente à casa, os dois ficaram imóveis. Olhavam para os pés, sem saber o que dizer. Felipe, achando-se corajoso ao extremo, resolveu quebrar o gelo do silêncio:
- Er.. – falaram os dois ao mesmo.
- Pode falar.
- Não, pode falar você.
- Tudo bem. É que eu queria agradecer a oportunidade.
- Que oportunidade?
- De responder minhas perguntas.
- Eu que agradeço por você não ter desistido.
- Eu não desistiria tão fácil. Quando eu quero alguma coisa eu corro atrás o máximo que eu posso.
- Bem. Acho que não será mais necessário correr tanto assim. Agora estamos lado a lado.
Felipe corou. Sem saber o que dizer foi abrindo a porta do carro.
- Espera.
- Fala.
- Vem aqui.
Ela chegou mais próxima dele...
- Felipe! Felipe! São sete horas! Você vai se atrasar.
- Aparentemente não. Mas isso é um problema?
- Não sei.
- Bem, suponho que não, afinal estamos aqui para conhecer pessoas, não é?
- Eu não freqüento esses lugares para conhecer pessoas, apenas para dançar.
- Quero dizer que estamos aqui, nesse mundo, para conhecer pessoas – disse enquanto apontava o dedo para baixo.
- Isso quer dizer que eu sou obrigado a conhecer você?
- Não, de forma alguma. Mas eu posso querer conhecer você. Então façamos o seguinte, eu te pergunto tudo e você não me pergunta nada. Aí eu te conheço e você não me conhece. Assim ficamos todos felizes, o que acha?
- Eu não acho nada. Só não tenho interesse em conversar agora.
- Tudo bem, eu espero. – ficou calado por cinco segundos – E aí? Já?
- Acho que quanto mais rápido eu responder suas perguntas, mais rápido você vai embora, né?
- Talvez. Mas talvez daqui a pouco você nem queira que eu vá embora mais.
- Veremos.
Felipe perguntou tudo o que queria saber à seu respeito. Onde havia morado, se era casada, se tinha namorado, filhos, um cachorro ou um gato. O que gostava de fazer em seu tempo livre, com o quê trabalhava, se ainda estudava. A conversa foi sendo tão construtiva que ela começou a interagir com ele, deixando de apenas responder perguntas. Começou a contar histórias de sua vida, perguntou sobre a vida dele. Ao invés de dançarem, passaram a noite conversando, sentados em um local afastado da enorme concentração de pessoas que se mexiam de um lado para o outro.
- Bem, vou indo.
- Mas já?
- Você queria que eu fosse embora rápido. Já demorei mais do que deveria, não é?
- Fica. Desculpa minha arrogância.
- Tem certeza?
- Na verdade eu preferia que nós fôssemos embora.
- E nós vamos pra onde?
- Não sei. Vamos dar uma volta. Você está de carro?
- Não. Pedi que um amigo me deixasse aqui.
- Já sabia que ia me encontrar não é?
- Tinha esperanças.
- Bem, eu to no meu carro. Vamos?
- Claro.
Os dois deram algumas voltas, conversando sobre planos futuros, trabalho e faculdade. Felipe não conseguia pensar direito. Achava engraçado estar onde estava, sendo sempre tão pessimista como era. Nunca achou que fosse ter aquela oportunidade e, de repente, estava ali, ao lado de alguém com quem sonhara estar.
- Você pode me deixar em casa?
- Já?
- Sim, preciso ir. Já são quatro horas da manhã. Minha mãe deve estar acordada me esperando.
- Onde você mora?
- Aqui perto. Pode ir por ali.
Ao chegarem em frente à casa, os dois ficaram imóveis. Olhavam para os pés, sem saber o que dizer. Felipe, achando-se corajoso ao extremo, resolveu quebrar o gelo do silêncio:
- Er.. – falaram os dois ao mesmo.
- Pode falar.
- Não, pode falar você.
- Tudo bem. É que eu queria agradecer a oportunidade.
- Que oportunidade?
- De responder minhas perguntas.
- Eu que agradeço por você não ter desistido.
- Eu não desistiria tão fácil. Quando eu quero alguma coisa eu corro atrás o máximo que eu posso.
- Bem. Acho que não será mais necessário correr tanto assim. Agora estamos lado a lado.
Felipe corou. Sem saber o que dizer foi abrindo a porta do carro.
- Espera.
- Fala.
- Vem aqui.
Ela chegou mais próxima dele...
- Felipe! Felipe! São sete horas! Você vai se atrasar.
Thursday, November 20, 2008
luv
e a gente vai à luta
e conhece a dor
consideramos justa toda forma de amor
e conhece a dor
consideramos justa toda forma de amor
Lulu Santos
toda forma de amor vale à pena, seja a sua qual for.
sejamos todos livres para amar da forma que nos convenha.
sejamos todos livres para amar da forma que nos convenha.
Wednesday, November 19, 2008
algo novo
Desceu a barragem e sentou-se próximo ao rio. Não era branco como denominava o nome da cidade dividida por ele, mas lhe dava paz. As águas barrentas, iluminadas pelas luzes do calçadão da Gameleira, corriam, como que fugindo de algo que estivesse a dobrar a curva lá atrás violentamente. Ele, então, fechou os olhos. Ouvia apenas o som da água. Ainda era cedo da manhã, e poucos carros passavam importunando aquele momento.
Sentia uma dor terrível cada vez que lembrava como tinha passado a noite. Nunca havia dormido com ninguém. Suas relações sempre foram simplesmente promíscuas – primeiro a chegada, depois o sexo, os beijos após o ato consumado, o banho e por último a ida para casa – e aquilo era novidade para ele. Mas sentia nojo. Um nojo incontrolável apenas pela lembrança daquelas mãos, daquele corpo colado ao seu.
Lembrava como havia saído correndo, depois de acordar e perceber o que acontecera durante aquelas últimas oito horas. Ainda assim, sentia pena. O que pensaria quando acordasse e visse que ele não mais ali estava? Agora a repugnância se misturava ao nojo. Era podre. Uma pessoa que não merecia um mínimo sentimento de misericórdia. De repente sorriu.
Estava confuso. A ficha começava a cair. Agora já não sabia como se sentia. Sorria, derramava lágrimas, batia em seu próprio rosto – o que pensariam aquelas pessoas que passavam caminhando lá no alto da gameleira ao ver um rapaz se batendo à margem do rio? –, e se embebedava em nojo, repugnância, tristeza e felicidade. Seria aquela a verdadeira sensação de liberdade?
Sentia uma dor terrível cada vez que lembrava como tinha passado a noite. Nunca havia dormido com ninguém. Suas relações sempre foram simplesmente promíscuas – primeiro a chegada, depois o sexo, os beijos após o ato consumado, o banho e por último a ida para casa – e aquilo era novidade para ele. Mas sentia nojo. Um nojo incontrolável apenas pela lembrança daquelas mãos, daquele corpo colado ao seu.
Lembrava como havia saído correndo, depois de acordar e perceber o que acontecera durante aquelas últimas oito horas. Ainda assim, sentia pena. O que pensaria quando acordasse e visse que ele não mais ali estava? Agora a repugnância se misturava ao nojo. Era podre. Uma pessoa que não merecia um mínimo sentimento de misericórdia. De repente sorriu.
Estava confuso. A ficha começava a cair. Agora já não sabia como se sentia. Sorria, derramava lágrimas, batia em seu próprio rosto – o que pensariam aquelas pessoas que passavam caminhando lá no alto da gameleira ao ver um rapaz se batendo à margem do rio? –, e se embebedava em nojo, repugnância, tristeza e felicidade. Seria aquela a verdadeira sensação de liberdade?
momento desabafo
ter meu nome metido em algo que não me diz respeito não significa, simplesmente, nada pra mim. me acostumei a estar metido em confusões que nada tinham a ver comigo. da mesma forma que me acostumei a não dar mais bola pra isso.
galera! falem o que quiserem. meu nome sempre esteve na boca do povo e já me preocupei muito com isso. estou tão bem hoje que não me preocupo mais. cansei de perder meu tempo pensando no que as pessoas pensam sobre a minha pessoa. o que importa é como eu estou pensando sobre mim mesmo. e, em relação a isso, eu estou muito bem resolvido, obrigado.
galera! falem o que quiserem. meu nome sempre esteve na boca do povo e já me preocupei muito com isso. estou tão bem hoje que não me preocupo mais. cansei de perder meu tempo pensando no que as pessoas pensam sobre a minha pessoa. o que importa é como eu estou pensando sobre mim mesmo. e, em relação a isso, eu estou muito bem resolvido, obrigado.
Tuesday, November 18, 2008
expectativa
- Então, a gente pode se encontrar no restaurante?
- Pode sim. Acho uma ótima idéia.
- Quer que eu vá te buscar?
- Não, não precisa. Meu amigo vai sair e peço pra ele me deixar lá. Só vou querer carona de volta pra casa, tudo bem?
- Ah, ok. Até oito e meia então.
- Até.
Era a terceira vez que se falavam, apenas. Sempre diálogos curtos, sem muito conhecimento um do outro. Aguardavam pelo primeiro encontro para que não faltasse assunto. E, mesmo assim, ainda achavam que faltaria. Luís estava mais ansioso. Pra variar. Já tinham trocado olhares outras vezes, conheciam-se de vista, mas nunca tinham tido um contato pessoal.
Por volta das oito e meia, Luís já estava à espera de Rita. Sentado em uma mesa com duas cadeiras, ele tomava uma taça de vinho. Imaginava como ela seria, o que gostava de fazer, quem seriam seus amigos, se morava com seus pais. Não sabia como começar a conversar, afinal era a primeira vez que saía para algo assim.
- Boa noite.
- Oi Rita. Boa noite. Senta.
- Obrigada. Tudo bem com você?
- Tudo. E você, vai bem?
- Ah, claro.
- Então, você quer comer o quê?
- Hmm... Pensei em uma macarronada.
- Ótima idéia.
Chamaram o garçom e fizeram o pedido. Luís serviu a taça de Rita com vinho.
- Er, quantos anos você tem?
- 25 e você?
- 20.
- Novo heim?
- Ah, o que são cinco anos de diferença depois dos 15?
- É, idade não é nada. Cabeça é o que importa. Você estuda?
- Sim, faço faculdade.
- Trabalha?
- Também. E você, faz o que da vida?
- Bem, há um ano terminei a faculdade de agronomia. Agora estou fazendo pós e trabalhando em um escritório. Você faz faculdade de quê?
- Direito.
- E faz direito?
- Bem, não tanto quanto deveria.
- Você não entendeu...
Luís fez como se não tivesse entendido e mudou de assunto.
- Esse seu sotaque... Você não é daqui, é?
- Não, sou do interior de São Paulo.
- E mora aqui há quanto tempo?
- Faz cinco anos.
- Por conta da faculdade?
- Não. Tava afim de outros ares. Um amigo me falou sobre o Acre e eu tinha muita vontade de conhecer. Aproveitei a vinda, larguei a faculdade de Publicidade que eu fazia lá e resolvi cursar agronomia.
- Chutou o balde?
- Mais ou menos.
- Sou louco pra fazer isso.
- E por que não faz?
- Medo.
- Medo? De quê, rapaz?
- Sei lá. Sabe quando você quer se arriscar e não tem coragem? Seu maior desejo ficar par a par com seu maior medo? É mais ou menos assim.
- Ah, Luís. Você não pode ser assim. Temos que vencer nossos medos.
- Eu sei. É isso que eu estou fazendo agora, aqui com você. Estou vencendo meus medos.
- Fico feliz em saber disso – Rita sorriu sutilmente, sem graça.
- Seu sorriso é bonito.
- Obrigada.
O jantar chegou e os dois preparam-se para comer. Luís criou coragem e se atreveu a perguntar o que queria há algum tempo:
- Você é comprometida?
- Será que eu estaria com você aqui, jantando, se fosse?
- Ah, algumas pessoas fazem isso tranqüilamente.
- Então espero que a partir de hoje você perceba que eu não sou como as outras pessoas.
- Desculpa.
- Não, eu entendo. É a primeira vez que você sai assim com alguém, não é?
- É – respondeu ele, abaixando a cabeça com vergonha.
- Não sinta vergonha. É bonito. E, sei lá, fico lisonjeada que seja comigo.
Enquanto comiam, eles trocavam alguns olhares, rindo das bocas meladas com molho do macarrão. Levaram cerca de meia hora para terminar o jantar, pedindo a conta em seguida.
- Você quer mesmo ir direto pra casa, digo, quer dar uma volta?
- Não, acho que prefiro ir pra casa mesmo.
- Ah, tudo bem – ele consentiu meio entristecido.
Rita explicou o caminho e eles continuaram a conversa, agora já falando de família, viagens, ex namorados e namoradas, e do dia-a-dia na cidade natal de Luís. Chegaram em frente ao prédio onde Rita morava:
- Obrigado pelo jantar, você é uma pessoa adorável.
- Não quer entrar?
- Não seria incômodo?
- Estou sozinha. A mim com certeza você não incomoda.
- Hehe, ta certo.
Os dois subiram as escadas, calados. Aquela era a hora onde não se sabia o que viria depois. Era imprevisível o que aconteceria depois da porta do apartamento. E eles dois sabiam disso.
- Você quer alguma coisa, uma água, um vinho? – ela perguntou educadamente.
- Você.
Os dois entreolharam-se. Até mesmo Luís se impressionou com a facilidade com que havia dito aquilo. Rita estava ansiosa por aquele momento a sós. Ele puxou-a para mais perto e deu-lhe um beijo. O primeiro. De repente a coisa ficou mais quente. Os corpos colados encostados na parede. As mãos de um perdidas, sem parar de se mover pelo outro. Agora, mais do que nunca, Luís sabia qual seria seu futuro.
- Pode sim. Acho uma ótima idéia.
- Quer que eu vá te buscar?
- Não, não precisa. Meu amigo vai sair e peço pra ele me deixar lá. Só vou querer carona de volta pra casa, tudo bem?
- Ah, ok. Até oito e meia então.
- Até.
Era a terceira vez que se falavam, apenas. Sempre diálogos curtos, sem muito conhecimento um do outro. Aguardavam pelo primeiro encontro para que não faltasse assunto. E, mesmo assim, ainda achavam que faltaria. Luís estava mais ansioso. Pra variar. Já tinham trocado olhares outras vezes, conheciam-se de vista, mas nunca tinham tido um contato pessoal.
Por volta das oito e meia, Luís já estava à espera de Rita. Sentado em uma mesa com duas cadeiras, ele tomava uma taça de vinho. Imaginava como ela seria, o que gostava de fazer, quem seriam seus amigos, se morava com seus pais. Não sabia como começar a conversar, afinal era a primeira vez que saía para algo assim.
- Boa noite.
- Oi Rita. Boa noite. Senta.
- Obrigada. Tudo bem com você?
- Tudo. E você, vai bem?
- Ah, claro.
- Então, você quer comer o quê?
- Hmm... Pensei em uma macarronada.
- Ótima idéia.
Chamaram o garçom e fizeram o pedido. Luís serviu a taça de Rita com vinho.
- Er, quantos anos você tem?
- 25 e você?
- 20.
- Novo heim?
- Ah, o que são cinco anos de diferença depois dos 15?
- É, idade não é nada. Cabeça é o que importa. Você estuda?
- Sim, faço faculdade.
- Trabalha?
- Também. E você, faz o que da vida?
- Bem, há um ano terminei a faculdade de agronomia. Agora estou fazendo pós e trabalhando em um escritório. Você faz faculdade de quê?
- Direito.
- E faz direito?
- Bem, não tanto quanto deveria.
- Você não entendeu...
Luís fez como se não tivesse entendido e mudou de assunto.
- Esse seu sotaque... Você não é daqui, é?
- Não, sou do interior de São Paulo.
- E mora aqui há quanto tempo?
- Faz cinco anos.
- Por conta da faculdade?
- Não. Tava afim de outros ares. Um amigo me falou sobre o Acre e eu tinha muita vontade de conhecer. Aproveitei a vinda, larguei a faculdade de Publicidade que eu fazia lá e resolvi cursar agronomia.
- Chutou o balde?
- Mais ou menos.
- Sou louco pra fazer isso.
- E por que não faz?
- Medo.
- Medo? De quê, rapaz?
- Sei lá. Sabe quando você quer se arriscar e não tem coragem? Seu maior desejo ficar par a par com seu maior medo? É mais ou menos assim.
- Ah, Luís. Você não pode ser assim. Temos que vencer nossos medos.
- Eu sei. É isso que eu estou fazendo agora, aqui com você. Estou vencendo meus medos.
- Fico feliz em saber disso – Rita sorriu sutilmente, sem graça.
- Seu sorriso é bonito.
- Obrigada.
O jantar chegou e os dois preparam-se para comer. Luís criou coragem e se atreveu a perguntar o que queria há algum tempo:
- Você é comprometida?
- Será que eu estaria com você aqui, jantando, se fosse?
- Ah, algumas pessoas fazem isso tranqüilamente.
- Então espero que a partir de hoje você perceba que eu não sou como as outras pessoas.
- Desculpa.
- Não, eu entendo. É a primeira vez que você sai assim com alguém, não é?
- É – respondeu ele, abaixando a cabeça com vergonha.
- Não sinta vergonha. É bonito. E, sei lá, fico lisonjeada que seja comigo.
Enquanto comiam, eles trocavam alguns olhares, rindo das bocas meladas com molho do macarrão. Levaram cerca de meia hora para terminar o jantar, pedindo a conta em seguida.
- Você quer mesmo ir direto pra casa, digo, quer dar uma volta?
- Não, acho que prefiro ir pra casa mesmo.
- Ah, tudo bem – ele consentiu meio entristecido.
Rita explicou o caminho e eles continuaram a conversa, agora já falando de família, viagens, ex namorados e namoradas, e do dia-a-dia na cidade natal de Luís. Chegaram em frente ao prédio onde Rita morava:
- Obrigado pelo jantar, você é uma pessoa adorável.
- Não quer entrar?
- Não seria incômodo?
- Estou sozinha. A mim com certeza você não incomoda.
- Hehe, ta certo.
Os dois subiram as escadas, calados. Aquela era a hora onde não se sabia o que viria depois. Era imprevisível o que aconteceria depois da porta do apartamento. E eles dois sabiam disso.
- Você quer alguma coisa, uma água, um vinho? – ela perguntou educadamente.
- Você.
Os dois entreolharam-se. Até mesmo Luís se impressionou com a facilidade com que havia dito aquilo. Rita estava ansiosa por aquele momento a sós. Ele puxou-a para mais perto e deu-lhe um beijo. O primeiro. De repente a coisa ficou mais quente. Os corpos colados encostados na parede. As mãos de um perdidas, sem parar de se mover pelo outro. Agora, mais do que nunca, Luís sabia qual seria seu futuro.
Monday, November 17, 2008
do passado VI
a lua cheia reluzia no céu.
e os cabelos negros de Aurora balançavam enquanto corria.
o medo tomava conta dela. fazendo-a sumir nas sombras.
e a escuridão passou a se tornar maior.
-socorro, socorro
mas ninguém a escutava.
e um tiro, vindo de trás, silenciou todo o barulho que antes se fazia ali.
e os cabelos negros de Aurora balançavam enquanto corria.
o medo tomava conta dela. fazendo-a sumir nas sombras.
e a escuridão passou a se tornar maior.
-socorro, socorro
mas ninguém a escutava.
e um tiro, vindo de trás, silenciou todo o barulho que antes se fazia ali.
Sunday, November 16, 2008
do passado V
foi tudo muito rápido. ainda ontem éramos bebês prestes a sair do ventre de nossas mães. e enfim os anos se passaram. de repente algumas coisas passaram a fazer mais sentido do que outras. algumas outras coisas perderam o próprio sentido. e a maioria delas ficou no ar, naquela dúvida do que deveria ser. há mais ou menos um ano atrás, o artur que vocês vêem hoje não existia por completo. na verdade ele era mais sonhador, mais apaixonado por tudo, mais sentimental e, talvez, menos errado. o que aconteceu comigo esse ano, num processo que vem desde o ano passado, teve seus momentos bons e seus momentos ruins. infelizmente as coisas ruins são tão ruins quanto se possa imaginar. amizades que foram e voltaram. um santo que virou diabo. eu não sei o que mudou nesse um mês que passei fora, mas ao chegar eu senti aquela mudança nos ares rio branquenses. talvez por ter ficado tanto tempo fora, tenha dado pra refletir à respeito de certas coisas, certos atos, certas escolhas e certas vontades. alguma coisa mudou realmente. e eu, sinceramente, não sei explicar o que foi. apenas que me parece que para melhor. eu cheguei com outros objetivos, com outros pensamentos. não à respeito de tudo, mas à respeito daquilo que mais me preocupava. e à conclusão que eu cheguei foi a de que para que algo melhore, é preciso haver mudanças. hoje eu trago, provavelmente, uma fama nas costas. e não vejam essa fama como algo bom. mas é algo que pode ser mudado. aquela história de juntos para sempre, de amizade duradoura, só dá certo quando as amizades querem realmente sobreviver. e, claro, quando são verdadeiras amizades. eu decidi dar valor à certas coisas que tinha deixado de lado. e resolvi cuidar para que as coisas deêm mais certo. sem precisar que os erros venham em tamanho XXL. basta apenas uma fagulha de erro, e eu garanto que a fogueira de acerto vai ser bem melhor. já faz algum tempo que venho pensando nisso. e hoje é quarta-feira. não, não. não vou esperar até segunda fazer mudanças. qualquer dia é dia de começar de novo. e nada melhor do que uma quarta-feira, 2 dias antes do fim-de-semana. pra quem leu até aqui, obrigado. ;)
16/08/2006
do passado IV
a felicidade se completa, e os seus sorrisos me fazem crer que sozinho é aquele ser que não abriu nenhuma porta pra que alguém entrasse, que não deu passagem pra um senhor idoso da fila do banco, que não esperou 5 segundos depois que o sinal abriu pra que aquele jovem atravessasse a rua, e que, principalmente, não conseguiu dar nem um pouco de si para que a outra pessoa se lembrasse sempre do seu sorriso.
Friday, November 14, 2008
dormindo
- Sai daqui!
- Não.
- Sai, pelo amor de Deus! – seus olhos enchiam de lágrimas e sua voz quase não saía mais.
- Por quê você está assim?
- Você não entende, não é? Você nunca entende.
- Eu tento, eu tento.
- Você não faz a mínima questão de entender – as palavras ficavam quase que perdidas na garganta.
- Eu não entendo porque você acha isso.
- Simplesmente pelo fato de você não dar a mínima.
Sua alma encheu-se de coragem naquela hora.
- Querer você é não dar a mínima? Querer ficar com você é não dar a mínima? Sentir sua falta, tremer as pernas e querer te ver todos os dias é não dar a mínima?
Henrique ficara perplexo. Não esperava ouvir aquilo. Era a última coisa que imaginava ouvir naquele momento. Seu choro foi cessando, até que se desvencilhou em um singelo sorriso:
- Eu... eu...
- Desculpa, mas eu não sabia como chegar e te dizer isso.
- Estou sem palavras.
- Não precisa dizer nada – chegou mais próximo de Henrique, passando a mão em seu rosto, acariciando-o.
Os olhos fecharam e as bocas se encontraram. Sentiram os corações pulsando mais forte e as pernas tremerem.
- Não.
- Sai, pelo amor de Deus! – seus olhos enchiam de lágrimas e sua voz quase não saía mais.
- Por quê você está assim?
- Você não entende, não é? Você nunca entende.
- Eu tento, eu tento.
- Você não faz a mínima questão de entender – as palavras ficavam quase que perdidas na garganta.
- Eu não entendo porque você acha isso.
- Simplesmente pelo fato de você não dar a mínima.
Sua alma encheu-se de coragem naquela hora.
- Querer você é não dar a mínima? Querer ficar com você é não dar a mínima? Sentir sua falta, tremer as pernas e querer te ver todos os dias é não dar a mínima?
Henrique ficara perplexo. Não esperava ouvir aquilo. Era a última coisa que imaginava ouvir naquele momento. Seu choro foi cessando, até que se desvencilhou em um singelo sorriso:
- Eu... eu...
- Desculpa, mas eu não sabia como chegar e te dizer isso.
- Estou sem palavras.
- Não precisa dizer nada – chegou mais próximo de Henrique, passando a mão em seu rosto, acariciando-o.
Os olhos fecharam e as bocas se encontraram. Sentiram os corações pulsando mais forte e as pernas tremerem.
Thursday, November 13, 2008
peso na consciência
- Lembra o que aconteceu na segunda-feira?
- E como eu haveria de esquecer?
- Lembra, também, que um dia antes, no domingo, ele veio aqui?
- Lembro.
- Lembra as coisas que você falou pra ele?
- Mais ou menos. Mas o que diabos isso tem a ver com alguma coisa?
- Tem a ver que aconteceram algumas coisas antes da conversa de vocês. E na conversa de vocês, aliás, as coisas que você falou pra ele devem ter machucado muito.
- Ah, isso é porque ele ainda gosta dela.
- Puta que pariu! Será que você não entende nada do que eu quero dizer?
- ...
- Pensa um pouquinho, mas só um pouquinho, nas coisas que você falou pra ele que poderiam levá-lo a fazer algo daquele tipo. Não que seja culpa sua, mas pensa no que pode estar machucando-o.
- E como eu haveria de esquecer?
- Lembra, também, que um dia antes, no domingo, ele veio aqui?
- Lembro.
- Lembra as coisas que você falou pra ele?
- Mais ou menos. Mas o que diabos isso tem a ver com alguma coisa?
- Tem a ver que aconteceram algumas coisas antes da conversa de vocês. E na conversa de vocês, aliás, as coisas que você falou pra ele devem ter machucado muito.
- Ah, isso é porque ele ainda gosta dela.
- Puta que pariu! Será que você não entende nada do que eu quero dizer?
- ...
- Pensa um pouquinho, mas só um pouquinho, nas coisas que você falou pra ele que poderiam levá-lo a fazer algo daquele tipo. Não que seja culpa sua, mas pensa no que pode estar machucando-o.
De repente a bigorna que habitava minha cabeça, resolve dar uma volta pela cabeça de outras pessoas. Sem tanta necessidade, afinal não foi culpa delas.
à espera de um milagre
Sem saber o que fazer ele contava os minutos à espera daquele telefonema. O sol, prestes a esconder seus raios no fim da tarde, queimava levemente sua pele. Acendeu um cigarro para que o tempo passasse mais rápido. Sabia que seu telefone não ia tocar, mas sua esperança sempre era a última a desfalecer. Que sentimento era aquele que insistia em permanecer em seu coração?
Aumentou o volume do som para tentar fazer com que seu corpo absorvesse a música. Trazia recordações de tempos anteriores àquele que vivia agora. Tempos em que a vida era mais fácil, quase não tinha problemas e bastava saber da existência. Olhou-se no espelho e percorreu todo o seu rosto, constatando o quanto envelhecera naqueles anos da faculdade. Tinha sede de viver, viver com a mesma intensidade que, outrora, o acompanhara.
O telefone tocou. Sentiu o coração bater mais forte, a respiração ofegar e as mãos tremerem. Um fio de medo cortou-lhe a garganta. Não era quem esperava que fosse. E era incrível como ainda não se acostumara com aquilo. Sabia. Sempre soube que a ligação nunca viria, mas tinha medo de desistir e acabar perdendo. E perdeu. Perdeu seu amor-próprio, como nunca o tinha feito anteriormente.
Aumentou o volume do som para tentar fazer com que seu corpo absorvesse a música. Trazia recordações de tempos anteriores àquele que vivia agora. Tempos em que a vida era mais fácil, quase não tinha problemas e bastava saber da existência. Olhou-se no espelho e percorreu todo o seu rosto, constatando o quanto envelhecera naqueles anos da faculdade. Tinha sede de viver, viver com a mesma intensidade que, outrora, o acompanhara.
O telefone tocou. Sentiu o coração bater mais forte, a respiração ofegar e as mãos tremerem. Um fio de medo cortou-lhe a garganta. Não era quem esperava que fosse. E era incrível como ainda não se acostumara com aquilo. Sabia. Sempre soube que a ligação nunca viria, mas tinha medo de desistir e acabar perdendo. E perdeu. Perdeu seu amor-próprio, como nunca o tinha feito anteriormente.
o gosto amargo do teu corpo
Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção.
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção.
Daniel na Cova dos Leões - Legião Urbana
Wednesday, November 12, 2008
do passado III
quem será que irá voltar pra ver,
como eu, tudo o que hoje aconteceu?
ver bater aviões no ar
ver chover do céu estrelas do mar
caminhar na beira qualquer
ver ruir toda a fé
justiçar com as próprias mãos
sem saber onde chegar
qual caminho seguir
e uma resposta que espera
que parece nunca vir
como eu, tudo o que hoje aconteceu?
ver bater aviões no ar
ver chover do céu estrelas do mar
caminhar na beira qualquer
ver ruir toda a fé
justiçar com as próprias mãos
sem saber onde chegar
qual caminho seguir
e uma resposta que espera
que parece nunca vir
diálogos
- o que você faz com as pessoas erradas?
- ah, eu curto com a cara delas.
- sauhushaushuahsuaushahsausuahus
- sei lá, acho que não tem essa de pessoas erradas - pára um pouco pra pensar - aliás, elas existem sim. e o pior: pessoas erradas em momentos errados.
ê 2008!
- ah, eu curto com a cara delas.
- sauhushaushuahsuaushahsausuahus
- sei lá, acho que não tem essa de pessoas erradas - pára um pouco pra pensar - aliás, elas existem sim. e o pior: pessoas erradas em momentos errados.
ê 2008!
quem você tem
Era tarde da noite. A lua refletia na piscina de águas límpidas para a qual ele olhava do alto do seu quarto. Estava cabisbaixo, sem entender exatamente o por quê de estar vivendo tudo aquilo. Dúvidas, quase certezas e medo. Sentimentos que assolavam seus pensamento naquele instante. Não entendia como um rapaz tão bem sucedido como ele poderia passar por aquelas dificuldades. Provação? Sim, tinha que passar por dificuldades para dar valor a outras coisas. Egoísmo? Também, por achar que aquilo não deveria acontecer com ele.
- Marcelo!
Ouviu a voz de Lina chamar seu nome. O que será que ela queria àquela hora? Há alguns dias que eles não se viam, mas haviam marcado de almoçar juntos no outro dia. Lina era uma amiga de infância, pela qual ele tinha muito carinho, respeito e amor. Mas, definitivamente, ele não queria ver ninguém. Nem ela. Isso até lhe doía o peito, mas seu peito mesmo dizia para que ficasse sozinho por um tempo.
- Marcelo!
Ele a conhecia: ela não ia desistir. Resolveu sair da sua introspectividade e foi ao seu encontro. Desceu as escadas devagar, com esperança de que, pela demora, ela fosse embora. Não foi. Estava lá, na porta, parada à sua espera.
- Porque demorou tanto?
- Desculpa, estava no banheiro. O que aconteceu?
- Nada. Só queria ver você.
- Mas a gente não combinou de almoçar amanhã?
- Eu sei, eu sei. Mas sabe aquela pontada que eu sinto no coração?
- Aquela que avisa quando algo vai dar errado?
- É. Essa mesmo.
- E o que isso tem a ver comigo?
- Eu tava guardando umas fotos antigas e me deparei com uma nossa, há uns quatro anos atrás.
- E?
- E foi nessa hora que eu senti uma pontada. Saí de casa o mais rápido que pude, ágil para que ninguém pudesse perceber.
- Ah, mas está tudo bem.
- Como se eu não te conhecesse. O que está acontecendo?
- Nada.
- Vai mentir pra mim? – Olhou-o nos olhos, fitando-os compulsivamente. Sabia que daquela forma ele se abriria com ela.
- Estou com um turbilhão de coisas na cabeça. São muitas coisas para pensar, muitas coisas para se fazer. Muitas atitudes a serem revistas. To preocupado.
- Preocupado com o quê, especificamente?
- Com a minha felicidade.
- E o que eu posso fazer para vê-lo feliz?
- Apesar da minha insistência em não querer ver ninguém, só em você ter vindo aqui já bastou para fazer meu dia melhor.
- Marcelo!
Ouviu a voz de Lina chamar seu nome. O que será que ela queria àquela hora? Há alguns dias que eles não se viam, mas haviam marcado de almoçar juntos no outro dia. Lina era uma amiga de infância, pela qual ele tinha muito carinho, respeito e amor. Mas, definitivamente, ele não queria ver ninguém. Nem ela. Isso até lhe doía o peito, mas seu peito mesmo dizia para que ficasse sozinho por um tempo.
- Marcelo!
Ele a conhecia: ela não ia desistir. Resolveu sair da sua introspectividade e foi ao seu encontro. Desceu as escadas devagar, com esperança de que, pela demora, ela fosse embora. Não foi. Estava lá, na porta, parada à sua espera.
- Porque demorou tanto?
- Desculpa, estava no banheiro. O que aconteceu?
- Nada. Só queria ver você.
- Mas a gente não combinou de almoçar amanhã?
- Eu sei, eu sei. Mas sabe aquela pontada que eu sinto no coração?
- Aquela que avisa quando algo vai dar errado?
- É. Essa mesmo.
- E o que isso tem a ver comigo?
- Eu tava guardando umas fotos antigas e me deparei com uma nossa, há uns quatro anos atrás.
- E?
- E foi nessa hora que eu senti uma pontada. Saí de casa o mais rápido que pude, ágil para que ninguém pudesse perceber.
- Ah, mas está tudo bem.
- Como se eu não te conhecesse. O que está acontecendo?
- Nada.
- Vai mentir pra mim? – Olhou-o nos olhos, fitando-os compulsivamente. Sabia que daquela forma ele se abriria com ela.
- Estou com um turbilhão de coisas na cabeça. São muitas coisas para pensar, muitas coisas para se fazer. Muitas atitudes a serem revistas. To preocupado.
- Preocupado com o quê, especificamente?
- Com a minha felicidade.
- E o que eu posso fazer para vê-lo feliz?
- Apesar da minha insistência em não querer ver ninguém, só em você ter vindo aqui já bastou para fazer meu dia melhor.
virgo
Você preza pela estabilidade e durabilidade dos relacionamentos. Por laços profundos de afeto. Mas deve refletir se não está agindo com medo da solidão. O amor é um vínculo que se quer liberto das tradições e preceitos sociais. Amor e criatividade são temas evidenciados.
do passado II
o suor dos corpos
teu cheiro no meu
com os olhos fechados
e a imaginação
o gosto do beijo
teus braços nos meus
como se fosse o último abraço
e a única saída
o adeus que vem breve
teus olhos nos meus
fitando-os profundamente
e a saudade
teu cheiro no meu
com os olhos fechados
e a imaginação
o gosto do beijo
teus braços nos meus
como se fosse o último abraço
e a única saída
o adeus que vem breve
teus olhos nos meus
fitando-os profundamente
e a saudade
do passado
é difícil, o quanto é difícil
a vida prega peças
e a gente nem sabe, nem sonha
que essa é a realidade
deixei a porta aberta
e não vi você entrar
eu to aqui sozinho
naquele mesmo canto
em que nos encontramos pela última vez
a vida prega peças
e a gente nem sabe, nem sonha
que essa é a realidade
deixei a porta aberta
e não vi você entrar
eu to aqui sozinho
naquele mesmo canto
em que nos encontramos pela última vez
Thursday, November 06, 2008
o susto
O suor fazia sua pele arder. Ardia como fogo onde ele outrora havia arrastado a lâmina fria em forma de cruz. O líquido rubro e viscoso escorria em uma mistura de sal e ferro que não se sabia para onde iria. Revirava os olhos, alucinado, fraco, quase morto. Mas morto daquela vida. Precisava acordar de novo, renascer das cinzas, como fênix. E assim o fez. Com a ajuda dela, aquele anjo que o concebera, ele reergueu-se. Ela abriu suas asas e o protegeu de todos os males, por aqueles tristonhos momentos. Mesmo sem nada entender. Lá estava ela, ao seu lado, como sempre esteve. Ali permaneceu, em corpo ou em pensamento, pedindo para que se cuidasse. Ele não conseguia dizer nada. Estava mudo, bêbado e desesperado. Mas conseguiu ver seus olhos banhados em lágrimas, tristes, clamando por alguma palavra. Dali tirou forças para dizer o que achava ser mais propício àquela hora:
- Obrigado, mãe.
- Obrigado, mãe.
Wednesday, November 05, 2008
inesperado
- eu chorei a semana inteira pensando no que eu ia fazer sem você aqui.
agora as lágrimas saíam dos olhos daquele que ouvia atentamente o outro falar.
- eu preciso de ti, cara. eu te amo.
em meio às lágrimas, brotou um sorriso. que não era apenas um sorriso, mas uma forma de, sem palavras, ele dizer que sentia o mesmo.
agora as lágrimas saíam dos olhos daquele que ouvia atentamente o outro falar.
- eu preciso de ti, cara. eu te amo.
em meio às lágrimas, brotou um sorriso. que não era apenas um sorriso, mas uma forma de, sem palavras, ele dizer que sentia o mesmo.
acima de qualquer coisa, obrigado.
Monday, November 03, 2008
r.o.
já discordei muito de um amigo que ousava dizer para mim que 'tudo é fase'. não acreditava que aqueles amigos iriam partir, que alguns se distanciariam, que aquele momento trágico poderia melhorar ou que aquele ótimo teria algo de ruim depois. hoje eu vejo fotos antigas, fazendo uma retrospectiva de uns nove anos atrás. muitos amigos partiram, muitos se distanciaram, muitos momentos trágicos melhoraram e muitos momentos ótimos trouxeram algo de ruim. 'tudo é fase' dizia ele, e eu não acreditava, apesar de já ter vivido muitas dessas. talvez seja pela maturidade que vimos adquirindo ao longo do tempo que passamos a acreditar nisso. por isso faço o possível para que cada dia valha tanto à pena quanto aquele que virá daqui um ano, em outra fase da vida. nós vivemos fases, somos feitos de fases. existem aquelas que duram mais, outras que duram menos. outras, ainda, que perduram pela vida inteira, até o dia em que seu corpo morre. mas 'tudo é fase'. hoje eu acredito.
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