Faz tempo que não te dedico algumas palavras e a culpa não é da distância, da rotina cansativa ou da ansiedade pelo encerramento de mais um ciclo em nossas vidas. Só quem não sabe da bela poesia que é te ter na vida poderia usar esses motivos num discurso de acusação. Nós não nascemos juntos, nos conhecemos já no fim da adolescência e temos um modo semelhante – e peculiar – de ver esses encontros e desencontros que a vida nos dá. Se faz um tempo que não te escrevo algumas palavras é porque elas só vem dedicadas a ti assim, numa segunda-feira à noite, em lembranças de um show que já conta cinco anos no passado, na saudade que eu sinto de te ver todos os dias, lendo algo que você escreveu como se lhe ouvisse ou nessa segurança que eu consigo sentir só de pensar que você tá aí.
Eu sei que você pediu para eu registrar apenas aquela música, mas você sabe como eu sou. É claro que gravar o show inteiro deu trabalho e, sabe-se lá quantas vezes, eu precisei revezar a câmera entre as mãos. Mas tinha aquela música, a sua preferida, o único presente que você desejava que eu trouxesse daquela minha primeira viagem ao Rio de Janeiro. E pra ela eu não apenas venci o cansaço do braço que segurava a câmera, como dediquei toda a minha atenção pela primeira vez na vida. Eu nunca havia gostado muito daquelas letra e melodia. Até aquele dia. E não porque era um show e fazia diferença no meu gosto, mas porque se era sua preferida ela com certeza merecia minha atenção.
De fato ela merecia. Uma música que fala de amor sempre merece minha atenção, na verdade. Você me pediu para registrá-la porque era sua preferida, mas eu acredito que descobri motivo maior para o seu pedido: chegar à minha resposta para toda a inconstância de significados que aquela tal de Maria expunha nos versos cantados e que se faziam encantar. O amor, infelizmente, não é a exceção à regra da inexistência de uma verdade absoluta. Talvez seja realmente impossível definir aquilo que já nasce dentro da gente, que faz a gente renascer e ajuda diariamente a despertar. Inexplicável, como um milagre. O único que Deus permitiu à sua imagem e semelhança semear no mundo sem necessitar de santidade.
E, hoje, levando-se em consideração que Deus escreve certo por linhas tortas e que tudo na vida tem um porquê, eu lembrei daquele dia, pouco mais de um ano depois que eu te trouxe o melhor presente de todos daquela viagem – além das fotografias a mais no meu álbum, é claro. No dia que um clarão do luar abençoou o nosso amor num dos dias mais felizes das nossas vidas. Era noite, mas você brilhava mais que o sol. A tal Maria já tinha dito, mas só você me fez perceber a emoção que me fazia sentir aquela luz que emanava de você. É que, no fundo no fundo, mais que nascer dentro de você, o amor se fez presente no seu ser. Se perguntarem o que é o amor pra mim, eu posso não saber explicar, mas eu sei responder: é você. Você é amor pra mim, Priscila.
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