oi, tudo bem? há quanto tempo não nos víamos, não? então... é que depois do nosso encontro eu senti uma necessidade de te falar algumas coisas. não é que eu não tenha tido coragem de falar antes, mas é que eu sei me expressar melhor escrevendo, você já sabe. e, considerando também o fato de que o nosso encontro foi uma surpresa, eu passei os últimos dias pensando sobre coisas que deveria ter dito e não disse. ou que talvez não fosse a hora de dizer, vai saber.
lembro bem quando brincava que pra tudo na vida existe uma primeira vez, sempre deixando nas entrelinhas - ou não - que o responsável por tal momento seria eu. a brincadeira tinha seu fundo de verdade, claro, mas eu sei da importância das primeiras vezes - pelo menos pra mim elas são importantes - e não achava justo ser o responsável por isso. apesar da sua inocência ter, de certa forma, me conquistado, eu ainda não estava completamente desligado do passado para ficar marcado como o desbravador do desconhecido para alguém. além do mais eu não acreditava sequer na possibilidade de que você tivesse algum interesse nisso.
eu não sou muito autoconfiante, sabe? tenho um problema com autoestima que torna quase impossível reconhecer qualquer interesse de outra pessoa por mim. então foi mais fácil abandonar os corredores e deixar o pensamento fluir para outros lugares. foi fácil meio que fingir que você não existia. mas, em algum lugar lá no meu subconsciente, aquela inocência - algo que dificilmente encontramos em alguém - conseguira se manter guardada.
eu não quero dizer que você foi obra de alguma santidade. mas essa pureza que você transmite - talvez a maior responsável pelas pessoas gostarem tanto de você - eu só senti quando na presença das minhas crianças. e não, eu não quero dizer que você é criança, mesmo em tão tenra idade. eu quero que você entenda que eu acredito que se o mundo tivesse mais pessoas como você, pecadoras sim, mas, ao mesmo tempo, capazes de espantar as adversidades com sua pureza, ele seria um lugar muito mais bonito de se morar.
e o mais engraçado disso é que eu só descobri isso dois anos depois. eu precisei de dois anos, completamente dedicados em não focar apenas para um lado, para chegar aqui e finalmente descobrir o por quê de você me intrigar tanto. foi quando aquela inocência saiu do subconsciente, exteriorizando-se nas palavras que saíam, com os lábios as vezes tremendo, da sua boca. então eu quis ser o primeiro sim. eu já sabia que minha autoestima baixa errara mais uma vez, quando me deixara alheio aos sinais de que você também ansiava por aquilo. dessa vez eu sabia que podia ser responsável por aquele momento. e prometo que pode guardá-lo como um momento importante. foi tão importante pra mim quanto foi pra você. obrigado pelas lembranças tão puras.
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