Tuesday, March 13, 2012
a espera
Era nove horas da noite. O relógio de parede fazia seu tic tac costumeiro. Marcos estava sentado na poltrona, a poucos metros da porta de entrada de sua casa. Esperava sua esposa chegar para que pudessem jantar. Tinha feito um spaghetti aquela noite. Os pratos estavam postos, as taças de vinho também. Aguardava ansiosamente por aquele encontro diário.
Tinha conhecido Cíntia há mais ou menos dez anos. Casaram cedo, com poucos meses de namoro. Mas tinham certeza que o encontro deles era obra do destino. Se complementavam plenamente e viviam em perfeita harmonia. Ele trabalhava em uma empresa de prestação de serviços. Ela era secretária em um consultório psiquiátrico. Entrava no trabalho às duas da tarde e chegava em casa pontualmente às nove horas da noite.
Não era do seu agrado que ela trabalhasse até tão tarde. Mas, diferente de muitos outros maridos, nunca desconfiara de sua esposa, apenas respeitava sua escolha de trabalhar daquela forma. Ele sempre a esperava com a mesa posta. Gostava de cozinhar e, se fosse pra ela, sentia mais prazer ainda. Os dois sentavam juntos, falavam sobre o dia que passara e iam para o quarto de mãos dadas.
Já eram nove e meia e ela não tinha chegado. Marcos baixou a cabeça, derramou algumas poucas lágrimas, levantou-se e seguiu para a mesa. Serviu os dois pratos, mas não conseguiu dar uma garfada na comida. Já fazia mais de um mês que ela não entrava por aquela porta. Já fazia mais de um mês que ele, pontualmente, esperava seu retorno.
Cíntia nunca voltou. Seu túmulo não tinha flores. Marcos nunca aceitou que ela tivesse partido. Esperou ela entrar por aquela porta todos os dias. Até que ele mesmo não entrasse mais por ela.
Tinha conhecido Cíntia há mais ou menos dez anos. Casaram cedo, com poucos meses de namoro. Mas tinham certeza que o encontro deles era obra do destino. Se complementavam plenamente e viviam em perfeita harmonia. Ele trabalhava em uma empresa de prestação de serviços. Ela era secretária em um consultório psiquiátrico. Entrava no trabalho às duas da tarde e chegava em casa pontualmente às nove horas da noite.
Não era do seu agrado que ela trabalhasse até tão tarde. Mas, diferente de muitos outros maridos, nunca desconfiara de sua esposa, apenas respeitava sua escolha de trabalhar daquela forma. Ele sempre a esperava com a mesa posta. Gostava de cozinhar e, se fosse pra ela, sentia mais prazer ainda. Os dois sentavam juntos, falavam sobre o dia que passara e iam para o quarto de mãos dadas.
Já eram nove e meia e ela não tinha chegado. Marcos baixou a cabeça, derramou algumas poucas lágrimas, levantou-se e seguiu para a mesa. Serviu os dois pratos, mas não conseguiu dar uma garfada na comida. Já fazia mais de um mês que ela não entrava por aquela porta. Já fazia mais de um mês que ele, pontualmente, esperava seu retorno.
Cíntia nunca voltou. Seu túmulo não tinha flores. Marcos nunca aceitou que ela tivesse partido. Esperou ela entrar por aquela porta todos os dias. Até que ele mesmo não entrasse mais por ela.
Monday, March 12, 2012
não sou, nunca disse que era, nunca desejei ser
Eu não sou o cara perfeito. Nunca disse que era. E preferi me esconder no anonimato que viver a vida para as outras pessoas. Mas eu também não me escondi. Apenas não apareci. Não prometi que voltaria, muito menos que meus erros se repetiriam. E na verdade o que eu espero é acertar. Não sei o quê, não sei onde. Guardo minhas recordações no meu quarto e deixo aquilo que não quero lembrar do lado de fora. Da porta pra cá sonhos, da porta pra lá apenas o desejo de sonhar. Gostaria de sonhar todas as noites, mas como já disse não vou o cara perfeito. Na verdade nunca desejei ser. Não adianta me consertar. Até porque não tenho o que consertar. Apenas tenho defeitos também. É isso que me faz humano. Sobrevivo à opinião alheia que me condena e tenta me fazer sentir mal. Mas prefiro viver aquilo que contagia, acrescenta e me deixa bem. Talvez seja difícil conviver comigo. Ou talvez eu não queira conviver com você. Infelizmente não fomos nós que escolhemos ser do jeito que somos. Porque, como eu já disse, não sou o cara perfeito. Nunca disse que era. E nunca desejei ser.
meninatani
- Ei menina! Pra que toda essa pressa? Vai tomar remédio, fazer exame? Não? Então te acalma. Calma aí que o tempo corre devagar e você deve aproveitar. Tomar um sorvete, quem sabe? Ah, ok. Gripe. Então passear pelo parque? Dor nas pernas... Hm. Ler um livro, ver um filme, folhear uma revista? Não? Poxa, assim fica difícil. Tudo é um problema pra você. Que cara é essa? Heim? Vai chorar por quê agora? Ah! Levanta essa cabeça aí, para de onda. Ei! Ei! Que tristeza é essa? Olha pra mim. Levanta a cabeça, olha pra mim. Porquê todo esse choro? O que é?
- Carinho. Só quero carinho.
E todo aquele sofrimento foi sanado por um abraço. Um abraço único, reconfortante. Nada mais era capaz de a atingir. Desistiu dos remédios que guardava na gaveta. Sua única overdose seria de sorrisos. Estava disposta a conquistar novamente todos os sorrisos alheios.
- Carinho. Só quero carinho.
E todo aquele sofrimento foi sanado por um abraço. Um abraço único, reconfortante. Nada mais era capaz de a atingir. Desistiu dos remédios que guardava na gaveta. Sua única overdose seria de sorrisos. Estava disposta a conquistar novamente todos os sorrisos alheios.
alma gêmea
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