Friday, July 05, 2013

de volta pra casa

Eu nunca te pedi um pedido de desculpas. Nunca te pedi pra beijar meus pés e dizer que era culpado de qualquer crime que fosse para que eu voltasse atrás de qualquer decisão e me envolver novamente em teus braços. Nunca te pedi que me beijasse novamente como da primeira vez. Nunca te pedi que me dissesse eu te amo, como da primeira vez que nem de verdade ainda era. Porque eu sei que, de verdade,e você só me disse isso alguns meses depois. Tanto que naquelas três primeiras vezes que eu ouvi nem soube retribuir porque não sentia o mesmo. Eu nunca te pedi pra me apresentar ninguém, pra me incluir na sua vida, me pegar pela mão e, contra tudo e contra todos, me levar pra almoçar com a família inteira como se nada estivesse acontecendo. Eu nunca pedi pra comer o churrasco que você, humildemente, dizia saber fazer. Nunca pedi pra tomar banho na piscina que você tanto esbanjava ter. Nunca pedi pra conhecer o Rio de Janeiro. Nunca, nunca mesmo, pedi pra dividir um apartamento ou um simples café da manhã com você. Ou até mesmo aquele simples último passatempo recheado do pacote. Que, no fim das contas, eu sempre deixava pra você. Eu nunca, na verdade, te pedi pra me prometer nada. Nem amor, nem fidelidade, nem lealdade. Eu nunca te pedi nem mesmo estar ali pra mim quando eu quisesse. Eu te peço hoje. Talvez seja tarde, realmente. Talvez pedir hoje seja pedir demais. Não que eu ache, porque não acho. Porque te pedir pra mim não é pedir demais. Porque acho que já somos um pro outro sem precisar pedir além disso. Mas eu te peço além. Eu te peço além de tudo isso que nunca te pedi. Eu só te peço, hoje, que nunca, nunca mais, deixe de me pedir nada. Como eu nunca mais deixarei de te pedir nada. Porque, pensando bem, sei que amadurecimento tem muito mais a ver com o que nós mesmos temos consciência. Mas também tem a ver com aquilo que nós conseguimos pedir ao outro que faça por nós. Não que o outro seja obrigado a fazer. Mas o outro também não é obrigado a adivinhar o que nós queremos. Na verdade nós somos obrigados a dizer ao outro o que nós queremos. A cabeça que está acima do pescoço é a nossa própria. E talvez um dos maiores erros esteja aí. Os outros erram. Mas nós também erramos. Não é medida de erro. É só questão de reconhecimento. É só questão de, por mínimo valor que seja, dar um tempinho do seu dia pra poder ouvir o outro. Talvez não seja o que você quer ouvir. Mas seja o melhor, e mais honesto, que ele tem a lhe oferecer. As vezes são risadas. E não há nada mais sincero que isso. Talvez eu nunca tenha errado. Talvez você nunca tenha errado. Mas, hoje, isso não importa. Porque, hoje, erros não importam. Nem acertos, na verdade. Hoje só importa o hoje. Hoje só importa o saber que, a qualquer hora que seja, um vai estar pro outro mais que qualquer outro dia. Porque o amor - e isso, pra mim, é a verdade mais absoluta - está além do beijar na boca ou dormir junto. O amor está no simples fato de rir junto, mesmo de longe. O amor está no simples fato de pensar na mesma coisa, mesmo que separado. O amor está no simples fato de existir, sem cobrar nada em troca porque é o sentimento mais gratuito de todos.

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