Tuesday, October 11, 2011

culpa?

Eu me culpo sem motivo. A culpa insiste em se acumular na minha mente a cada momento em que alguém se dirige à minha pessoa para lembrar que quem fez a escolha foi você. É, definitivamente, toda escolha envolve uma renúncia. Óbvio. Aprendi isso ainda na fase do vestibular. Escolher ir embora ao invés de cursar o a faculdade que eu sonhava. (O que, no fim, nem deu certo, afinal fui obrigado a ficar aqui e me tornar bacharel no curso que motivaria minha mudança).

Eu queria, sinceramente, não me importar com infinitas coisas que me preocupam. Parar de gostar de sofrer, digamos. É difícil. Aliás, é muito difícil. Algumas pequenas coisas são inteiramente pequenas coisas. Mas sabe a bola de neve, que começa com uma bolinha que cabe na palma da mão, que se torna capaz de esmagar uma multidão? Pois é. São pequenas coisas que trazem à tona tantas outras. E, enquanto o silêncio por vezes é a melhor arma contra o sofrimento, outras é a forma mais indigna de cuidar do próprio coração.

E, por incrível que pareça, eu me culpo sem motivo. Eu transformo minha própria decepção em culpa. Sim, eu me decepcionei. Diversas vezes na vida, durante esses vinte e três anos. Com os mais variados tipos de pessoas. Mas as decepções que mais machucam aqui dentro são aquelas que sentimos através de atitudes de pessoas que você tanto, mas tanto, considera como suas. Dou ênfase à essa palavra, pois quero apenas frisar que não falo de ser dono, mas de fazer parte da minha vida.

Me perguntaram uma vez: essas pessoas te ligaram pra saber como você estava? Ou pelo menos pra saber se essa história era verdade? Eu respondi que não, claro. Afinal não tinha a menor noção do que estava acontecendo. Pois é, esses são seus amigos foi o que veio em seguida. Adoro ironia. E utilizo dela para dizer que mesmo os que ligaram para saber como eu estava ou que sabiam que a história era verdade – pela minha boca – também são meus amigos. Não faço a menor questão de me explicar, pois a carapuça, com certeza, não serve para todos, e estas exceções sabem bem disso.

Se fossem pessoas ignorantes, vá lá. Mas odeio a simpatia do sorriso que mascara as verdadeiras intenções. Até porque, infelizmente, apesar de não ser idiota, ainda tenho meu quê de ingenuidade. E cair no papo dos que são meus amigos acaba sendo, lindamente, uma prova disso. Porque, no fim das contas, só muito tempo depois é que consigo distinguir quem é o mocinho e quem é o vilão. E eu ainda me culpo sem motivo. Apesar de que eu deveria me culpar sim. Mas pelo fato de acreditar na bondade de algumas pessoas, principalmente quando elas já me provaram o contrário outras vezes.

“Eu não vou mudar não
Eu vou ficar sim
Mesmo se for só não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final, assim calado, eu sei
Que vou ser coroado rei de mim

Los Hermanos

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