Tuesday, February 12, 2008

Nunca houve uma mulher como Clarisse - 4ª Parte


Levantou, ainda cambaleante, equilibrando-se com as mãos enfraquecidas sob a pia. Olhou-se no espelho. A única diferença de quando entrara era a cor do seu rosto, pálido. A maquiagem ainda borrada lhe deu um ar de circo. Sorriu, imaginando-se uma circense.

Foi a primeira vez que sorriu depois de tanto tempo. Sentia-se envolta em indagações, pressentimentos e uma tortura psicológica que ela mesma fazia em si. Não havia vento, mas por dentro dela era como uma tempestade.

Tratou de lavar os pulsos, o sangue já rígido em seus braços, fazendo-a pressioná-los para que ficassem limpos. A água lhe fez sentir uma dor aguda, ocorrendo-lhe fechar os olhos e morder os lábios, numa tentativa de aliviar o sofrimento.

Envolveu o corpo nu em uma toalha e voltou para o quarto. Tirou mais um cigarro do maço que jazia sobre a cama e, da mesma forma que fizera anteriormente, cruzou as pernas após acende-lo.

Apertou o botão vermelho do controle. E viu estampado na TV o que ela mais temia.

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