Era quarta-feira, dia de jogo. Eu recém saíra da aula de
natação e fui ao bar encontrar uns amigos. Fim de ano, férias da faculdade,
qualquer dia da semana era sexta. Eu me recuperava do término de um
relacionamento imaginário, criado e vivido pela minha cabeça criativa, que por
pouco não levou meu bem mais precioso. Havia poucos dias eu tinha me entregue
ao mundo de braços abertos e coração livre depois de muito álcool na cabeça.
Voltara a tomar remédio, também. Definitivamente, exatamente cinco anos atrás,
eu me encontrava num momento que se assemelha àquele período de adaptação entre
tirar a primeira e a segunda rodinha bicicleta.
Naquela primeira vez que nos vimos eu não imaginava que
finalmente aprenderia a andar na bicicleta da vida sozinho. No máximo achei que
era apenas mais um dia que eu conseguia me equilibrar sobre a segunda roda. Na
realidade era. Por mais alguns dias, pelo menos. Mas você foi a primeira vez
que eu tirei a segunda rodinha, criei coragem e consegui me equilibrar e não
cair antes de apertar o freio no fim da rua. Você me trouxe de volta à vida de
um jeito que até hoje talvez não saiba. Sem querer, sem pedir, sem medida.
Há cinco anos demos início a uma história linda. Uma
história cheia de passeios de bicicleta pelo parque, pela praia e pelas
estradas da vida. Uma história com buracos na estradas, caminhos sinuosos e
algumas quedas que originaram os mais diversos arranhões. Uma história que,
mesmo com todos os percalços passados, conseguia – e ainda consegue – nos dar
força para levantar o corpo do asfalto, subir novamente na bicicleta e, olhando
para o sol que se põe, sorrir um pro outro apenas para certificar que não
existe mágoa.
Hoje faz cinco anos que trocamos olhares, nomes e iniciamos
o primeiro capítulo de um romance cujo fim é parte de um felizes para sempre, que não necessariamente significa termos
ficado juntos como nos contos de fada. Ficamos juntos, sim. Ficamos juntos numa
relação melhor, mais verdadeira e honesta que poderíamos ter. Hoje faz cinco
anos que eu escolhi, mesmo que inconscientemente, te ter na minha vida. Não
como da primeira vez. Mas de uma segunda que com certeza é ainda melhor.