Um dia eu fui apresentado a ele. Na melhor das hipóteses, pra não culpar ninguém, digo que o conheci sozinho. E o pior é que foi. Eu tava ali, calmo, na minha, como se nada ao meu redor estivesse acontecendo. E aí ele chegou, naquela pisada flutuante dos pés, como quem não quer nada, e se apresentou. Não exclamei um “puta que pariu” porque decidi confiar plenamente naquele, até então, desconhecido. E mandei bem. Fui feliz. “Pra caralho” como dizem. Mas ele esqueceu de me falar sobre os defeitos que ele tinha. Ele trazia um quê de mágoa, uma certa demonstração de desafeto, por vezes uma falta de carinho, que um dia o fez desabar. Então ele chorou. Ele chorou por não acreditar em si mesmo. Por ver que aqueles ao redor simplesmente o ignoravam e se faziam não entender. Ele veio e me cativou. Mas esqueceu de me dizer que na sua partida eu sofreria. Esqueceu-se de me dizer que, em determinando momento, eu me decepcionaria. E acabou não me ensinando como tentar vencer essa decepção. Ele veio, com todas as forças, e me atirou no chão, sem me deixar, por momento sequer, levantar sem aprender a andar novamente. Esse filho da puta chegou sem avisar, fingiu me agradar, me mandou tomar no cu e foi embora sem se despedir. Mas ele me fez sentir algo que nunca senti em toda a minha vida. O amor veio, se apresentou, invadiu qualquer ambiente do meu ser, me fez sonhar, idealizar e até a me sentir usado. Mas ele mesmo disse, quando chegou, que nem todos seriam iguais a ele. Que viriam outros amores, outras dores, dentre outros entre o bem e o mal. Só que o amor é isso mesmo: é saber dos defeitos, conhecê-los e, ainda assim, sentir prazer em tê-lo em você.