domingo foi dia das mães. tenho certeza que 99% das pessoas presentearam, abraçaram, ligaram ou lembraram da sua. eu fiz tudo isso. e mais um pouco. o fato é que eu e a minha mãe somos muito parecidos. na verdade, boa parte do meu caráter vem dela. mas não, a gente não se dá tão bem assim. até se dá, mas não se entende. o fato é que isso não é só uma homenagem, é uma forma franca de falar da minha. que viveu um outro tempo, que curtiu outras coisas e que se interessa por outras coisas. entendível. e pode chamar de drama, de mimo, de qualquer coisa, mas, pô mãe, dá pra me entender um pouco mais? não. e nem adianta querer, não adianta pedir, não adianta implorar. a vida é assim e pronto. cabe a mim deixar essas coisas de lado e otimizar meu relacionamento com ela, trazendo à tona todas as coisas boas que ela ensinou pra mim, e deixando esses mínimos detalhes para que minha terapeuta me ajude a lidar. (sim, eu tenho uma terapeuta). depois de muito tempo, hoje resolvi conversar com ela, pedir sua ajuda (um pouco do meu jeito, claro), mas a forma com a qual ela correspondeu (do jeito dela, claro) me fez pensar duas vezes antes de tentar novamente buscar um diálogo concernente aos meus sentimentos. "fale com ela em paz" diz um. "esteja aberto para um não" diz outro. "argumente" diz mais alguém. "busque um consenso" aconselha mais um. o que acontece é que no meio de tudo isso entra o meu orgulho, a dificuldade dela em lidar com o assunto e os objetivos diferentes. e dói, machuca, faz o peito inflar, querendo que boca transmita de repente um: "puta que pariu, dá pra perguntar o que eu to sentindo, como eu to me sentindo, se eu conversei com alguém, se isso é melhor, se não é" etc etc etc. fato: isso não vai acontecer. e não é por maldade. desde sempre eu tenho o entendimento que, por mais diferente que sua mãe pense de você ou de seus irmãos, ou de seus amigos, ela, na verdade, só busca o melhor pra você. não que isso seja o melhor, mas é o que ela considera melhor. isso é amor. e, por mais diferentes que sejam as formas das mães amarem, sempre vai ter algo que não vai combinar com você. é impossível alguém agradar a todo mundo, até mesmo as mães. uma indiferença vai te doer, um "não" vai te doer, e, não importa, em algum momento da sua vida você vai pensar que a mãe do seu amigo é melhor que a sua. mas na verdade ela também tem os defeitos dela. e, no fim, você vai perceber que você a ama não só porque ela lhe deu a vida, mas justamente porque ela não é perfeita. mãe, eu te amo.