Tuesday, December 29, 2009

camisinha

é sábado à noite. e, como todo sábado à noite, mariana rói as unhas - das mãos e dos pés - esperando chegar aquele mesmo horário para correr ao banheiro, tomar um banho, vestir a roupa e sair exalando seu charme de gata-sozinha-procura. segura o celular nas mãos à espera daquele mesmo telefonema de todos os sábados: meia hora to passando aí. correu. e fez tudo correndo mesmo. em vinte minutos está pronta, segurando um cigarro na calçada de casa. foram os dez minutos mais longos de toda a sua vida.

chega a festa. compra um drink qualquer. qualquer um é melhor que cerveja, pensa. e a cláudia, amiga de todas as horas, vai na onda: pede um hi-fi daquele mesmo jeito de uma semana atrás, lembrando o garçom que naquela madrugada ele a comeu a noite inteira - cara de espanto, ao perceber que ele não lembra. pouco suco e muita vodka, porra! vão para a pista, cada qual com seu copo. e a música invade os ouvidos e o pensamento de cada uma. é, de forma diferente. cláudia mais balança a cabeça, mariana mexe mais o corpo. mexe tanto que ele vem até ela, segura sua cintura e mexe junto. maravilha.

e fala no ouvido, e passa a língua no pescoço. mariana está no quinto drink e se entrega como todas as outras primeiras vezes. sempre é uma primeira vez. beija, passa a mão, roça a língua e sente: hora de ir embora. se tem carro ou se não tem, lá fora tem táxis a noite inteira. tchau, cláudia. puxa pela mão e vai. estão a fim. ela mais do que ele. ele só saiu no lucro. ela saiu realizada. é gostosa, tem dinheiro e gosta de satisfazer seus desejos. ponto final. motel? apartamento? ou casa de família? fica na primeira opção. uma bodega qualquer serve, é só sexo mesmo.

tira a roupa, só calcinha e sutiã. essa parte é dele, nu. foda-se. tira tudo. aliás, me fode. mulher decidida. mais beijos, mãos e línguas. e curte o que resta da madrugada. carne com carne. seis da manhã. hora de ir para casa. acorda o bêbado infeliz. sou puta, mas tenho hora, porra. nem ouve. chega em sua casa: posso entrar? não. sorri meia boca nos lábios. tira da bolsa um papel e uma caneta, escreve algo, dobra e deixa no painel do carro. agradece e se retira do carro, piscando o olho direito: eu não moro aqui, mas pego um táxi. mulher misteriosa. ele pára na garagem. pega o bilhete. foi só uma noite. mas a aids é para minha vida toda. e agora para a sua também.

Monday, December 28, 2009

natal familiar

quisera a união
os abraços e beijos da meia noite
e, ao invés dos presentes de Noel,
o reencontro da pacificidade

quisera tanto
não se despedir às dez
dos futuros não presentes
com olhos lacrimejantes

quisera mais ainda
um vinte e cinco regado a sorrisos
verdadeiros não por obrigação
mas em nome da união

seria um dia qualquer
mas tanto desejou
mas tanto almejou
que naquele ano aconteceu

Tuesday, December 01, 2009

Síndrome dos Vinte e Tantos

A chamam de 'crise do quarto de vida'. Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos. Se dá conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado (a) etc. E cada vez desfruta mais dessa cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco. As multidões já não são 'tão divertidas'... E às vezes até lhe incomodam. E você estranha o bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante. Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo. Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu e que o pessoal com quem perdeu contato são os amigos mais importantes para você. Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor. Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto pôde lhe fazer tanto mal. Ou, talvez, a noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém o suficiente interessante para querer conhecê-lo melhor. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar. Talvez você também, realmente, ame alguém, mas, simplesmente, não tem certeza se está preparado para se comprometer pelo resto da vida. Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbado e agir como um idiota começa a parecer, realmente, estúpido. Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário. Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo. Dia a dia, VOCÊ TRATA DE COMEÇAR A SE ENTENDER, SOBRE O QUE QUER E O QUE NÃO QUER. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras... Apenas com medo e confuso. De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro... E com construir uma vida para você. E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.

O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse textos nos identificamos com ele. Todos nós que temos 'vinte e tantos' e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça... Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos... Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16... Então, amanha teremos 30?! Assim tão rápido?! Façamos valer nosso tempo... Que ele não passe! Afinal, 'a vida não se mede pelas vezes que você respira, mas sim por aqueles momentos que lhe deixam sem fôlego. '

[Autor Desconhecido]

Espero, sim, que o tempo passe. Cada fase, cada idade tem sua beleza. A gente envelhece melhor quando sabe envelhecer. Ainda to na casa do 2.1, mas vo tentando tomar conhecimento de tudo isso já a partir de agora. Deixando, claro, o espaço para os acontecimentos inevitáveis que possam vir. Enfim, não chamo de síndrome. Prefiro considerar apenas mais uma etapa.

é real.

Pode ser que um dia deixemos de nos falar,
mas, enquanto houver amizade,
faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe.
Mas,se a amizade permanecer,
um do outro há de se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos.
mas, se formos amigos de verdade,
a amizade nos reaproximara.

Pode ser que um dia não mais existamos.
Mas se ainda sobrar amizade,
nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe.
Mas, com a amizade
construiremos tudo novamente,
cada vez de forma diferente,
sendo único e inesquecível cada momento
que juntos viveremos e nos
lembraremos para sempre.