Sinto falta dos seus olhos, sabe? Sabe, afinal você sempre soube o quanto eu admiro os olhos, o olhar, a forma mais discreta de se insinuar, o jeito mais sensual de se conquistar. E esse sorriso maroto? Aquela gargalhada em alto e bom som que é impossível não reconhecer? Ah, quando você mordia os lábios e me convidava a deitar com você na cama. Lembro da pele, também. Aquele cheiro do hidratante que você sempre passava após o banho. Será que você ainda usa o mesmo? E o perfume? Será que ainda é aquele? Eu tenho um igual. Já quase no fim, mas não termino nunca pra não esquecer o seu cheiro. Essa coisa de que cheiro traz memórias é a mais pura verdade. Lembro de tantas noites em que nossos perfumes se misturavam aos lençóis da cama e como aquela energia consumia nós dois a noite toda. Sabe do que eu sinto falta, também? Dos nossos cafés da manhã. É, aquele mesmo que a gente descia do apartamento pra comprar na padaria e voltar pra cama logo em seguida. E há quanto tempo eu não faço faxina num domingo? Você sala. Eu banheiro. Você quarto. Eu área de serviço. E os dias de criança com as nossas crianças. É, sinto muita falta daquelas tarde divertidas na pracinha. Eu sinto falta de dormir fora de casa pela primeira vez. E de ter tido uma lua de mel de um mês no Rio de Janeiro sem nem ao menos ter casado. Aliás, eu sinto falta mesmo de uma vida de casado. Lembro das festas da sua família, em que eu sempre me senti parte da família. Dos laços eu não sinto falta, porque ainda os tenho, e ai de quem ousar me tirá-los. Eu sinto falta de deixar a loucura me tomar a cabeça e me fazer tomar banho de chuva na estrada. Além de várias outras coisas que a loucura já me fez fazer com você. E a sensatez também, claro. Tenho saudade de pegar a estrada sem rumo, por horas, só para trocar ideias de como foi o dia um do outro. Ah, as surpresas. Sinto falta de te surpreender, sabe? Desculpa, mas é que você é um pouquinho ingênuo sim. Eu sempre consegui te surpreender, vai, assume. Nunca te fiz uma surpresa que não fosse realmente surpresa. E eu sinto falta de estar frente a frente com você nessas horas, só pra ver sua cara de bobo. Que é linda, diga-se. Eu que sempre fui péssimo para receber surpresas, né? Lembro de uma vez que você tentou me fazer surpresa e eu estraguei tudo com essa minha mania de desconfiar de tudo. É, disso eu não sinto saudade. Nem um pingo de saudade de ser tão desconfiado. Mas eu sinto saudade de ouvir aquele toque especial no meu celular, acredita? É, aquele de quando nos conhecemos. A propósito, impossível ouvir a música e não lembrar de você. Uma coisa é inerente a outra. Que tempo bom aquele, né? Eu sinto falta dessa época, quando começamos a nos conhecer. Quando eu soube quem você era sem que você percebesse isso. O quanto eu te conheci e te amei tão rápido. Sinto saudade, sim, de quem fomos. Mas me orgulho muito de quem somos. Porque sentir saudade do que já passou significa que foi bom. Mas ainda estar perto de quem o outro é, é motivo suficiente para acreditar que não só foi bom, como foi um dos momentos mais incríveis e especiais da sua vida.
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