Você estava lá, do outro lado do bar. Uma franja curta, para não encobrir seus olhos, como você mesma dizia. Já tinham se passado cinco anos desde o nosso último encontro. E eu te olhava assim, como quem não quer nada, tentando descobrir o que já era seu e o que você tinha acrescentado ou retirado de si mesma. Muito havia mudado. E pouco havia sido retirado. Mas tinha algo igual. Algo que talvez nada retirasse de ti. Teu sorriso. Teu sorriso era o mesmo desde que tinha te conhecido no colegial. Um sorriso que eu tanto me apoiei naqueles dias mais obscuros em que bastava fechar os olhos e te ver. E eu percebi que você me olhou umas poucas vezes. Talvez querendo falar, talvez querendo apenas analisar-me do mesmo jeito que estava fazendo contigo. Até que ele chegou. Te abraçou e sentiu o perfume do seu pescoço. E a partir daí não me olhaste mais nem uma vez. E eu não conseguia tirar os olhos de ti. E foi quando eu senti a dor. A dor de saber que você estava seguindo em frente e eu parado, esperando o mundo girar e parar no mesmo lugar.
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